Por Dr. David Luniere
Embora do ponto de vista epidemiológico não seja mais tão esquecida assim, a bronquiectasia não fibrocística, ainda é considerada uma doença órfã no que diz respeito à suspeita clínica, interesse comercial e atividade de pesquisa.
Por muito tempo, os médicos por desconhecerem sua forma de apresentação, acabavam por tratá-la como uma pneumonia, o que fazia com que o paciente acabe-se retornando aos prontos-socorros para realizar novos esquemas de tratamento.
Atualmente, com a ampliação do conhecimento dos mecanismos e das características da doença (dilatação da via aérea, clearance deficiente e infecções recorrentes) foi possível desenvolver uma abordagem diagnóstica e terapêutica mais eficiente, contribuindo assim para a melhora do atendimento dos pacientes portadores desta doença.
A bronquiectasia é uma doença pulmonar supurativa com múltiplos fenótipos, caracterizada por dilatações anormais e permanentes de um ou mais brônquios.
Deve-se suspeitar de bronquiectasias em qualquer paciente com tosse crônica, produtiva, infecções respiratórias ou sinusites de repetição, hemoptise, asma de difícil controle, não-tabagistas diagnosticados como portadores de DPOC.
A avaliação diagnóstica se dá através do estudo radiológico, exames laboratoriais e testes funcionais. O acúmulo de muco devido à dilatação das vias aéreas predispõe ao crescimento de microrganismos e formação de biofilme que as mantém parcialmente protegidas da ação dos antibióticos. As bactérias comumente encontradas são: H. influenza, P. aeruginosa e M. catarrhalis.
O tratamento se dá com antimicrobianos, mucolíticos e broncodilatadores quando necessário. E atualmente tem-se visto que o uso de macrolídios em doses ajustadas tem exercido efeito imunomodulador na resposta inflamatória, provocando redução na produção de muco, inibição da formação do biofilme, supressão dos mediadores inflamatórios, modulação do recrutamento de neutrófilos e promoção do esvaziamento gástrico, reduzindo o refluxo gastro-esofágico. E como consequência reduzem a frequência das exacerbações respiratórias, diminuem o volume de escarro e melhoram a qualidade de vida.
O fato é que um maior número de trabalhos científicos específicos para essa população é fundamental para melhorar nosso entendimento sobre o desenvolvimento e a evolução dessa doença.
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