O luto e os nossos processos emocionais

O luto e os nossos processos emocionais na pandemia de Covid-19

Todo processo de luto exige atenção. Nesse mundo pandêmico em que estamos vivendo, a ausência dos rituais por conta do risco de contaminação tem sido um verdadeiro complicador. Contudo, criar outros rituais de despedida pode ser uma alternativa de amenizar esta dor, dando maior suporte emocional a quem tem sofrido com tantas perdas.

Alguns pacientes relatam querer viver suas tristezas e que ainda não conseguiram se libertar ou até mesmo chorar. Características bem presentes são a angústia,  dor no peito, tristeza profunda, choro, insônia, isolamento, entre outros. Estamos falando de lutos reais, visíveis aos olhos. Mas e quando falamos de outras perdas também presentes nesta pandemia?

Estes seriam o que chamamos de lutos não convencionais. Sejam eles o desemprego, o término de relacionamentos, a mudança de cidade, a aposentadoria precoce, o fechamento de uma empresa. A dor de uma rejeição e da impotência diante de não termos uma data final para que tudo isso acabe, além da sensação de estarmos fazendo tudo em automático.

A perspectiva da compreensão da morte e da aceitação são dolorosas. Geralmente, não nos preparamos para este momento ou muitas vezes o negamos. E então encontramos uma forma de mascarar nossos medos e tristezas.

A pandemia tem nos trazido duras realidades. Estamos na iminência de uma quarta onda e novos gatilhos emocionais são acionados. Vivendo um processo de perda. Uma dor lenta e de difícil compreensão para muitos. Apesar de não podermos mudar a realidade de alguém, a solidariedade pode ser expressa em cuidado e atenção para as pessoas enlutadas neste momento. Portanto, respeite as diversas formas de luto, o tempo, a dor, e se perceber que a pessoa precisa de ajuda indique aconselhamento psicológico feito por profissionais.

O aconselhamento psicológico é indicado justamente por trabalhar esta perda de maneira respeitosa, pontual e humana. Em termos teóricos aplica-se geralmente intervenções cognitivas comportamentais no consultório.

Existem algumas tarefas do luto descritas pelo autor William Worden. Para ele, ajudar alguém em luto é necessário para que se tenha uma adaptação saudável em um período razoável. Essas tarefas seriam:

I- Aceitar a realidade da perda;

II – Processar a dor do luto;

III – Ajustar-se ao mundo sem o ente querido;

IV – Encontrar um novo olhar para com a pessoa falecida em meio ao início de uma nova vida.

 

Buscar ajuda profissional de Psicólogos e Psiquiatras, assim como sua rede de apoio e até mesmo grupos que estão funcionando de modo remoto na Internet podem ajudar nesta fase. Contudo, que esta procura aconteça no momento certo! Não adianta forçar um paciente a uma fala que muitas vezes pode não ser saudável justamente pelo pouco tempo de perda.

É importante não generalizar. Cada um vivencia o luto da sua forma. Assim como nossa resiliência é bastante particular. As perdas têm a capacidade de nos paralisar, desorganizar e causar sentimentos de impotência.

É válido observar sempre que estiver alguém com essas características próximo a você e oferecer suporte. Lembre-se: Busque realizar leitura de conteúdo seguros e confiáveis, textos de fontes deturpadas podem acabar prejudicando seu bem estar mental. Filtre e deixe de lado, na medida do possível, informações que possam lhe deixar mais ansioso ou aumentar seu nível de estresse neste momento. Atualize-se, mas respeitando seus limites emocionais.


Dra. Amanda Tundis– Psicóloga há mais de 13 anos. Formada em Psicologia pela Uninorte, Mestre em Psicologia Clínica pela Unisinos e Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Atua na Universidade Federal do Amazonas junto aos servidores e na Clínica Integra com atendimentos clínicos de adultos.

 

Onde encontrar:

@psicologaamandatundis

Whatsapp (92) 991383134

Compartilhe

Artigos Relacionados