Turistas no Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu - Foto: Ministério do Turismo / Divulgação

Entenda por que sua primeira viagem depois da pandemia (provavelmente) será no Brasil

Pesquisas apontam que turismo doméstico será o primeiro a se recuperar da crise do coronavírus

 

Em tempos de fronteiras fechadas, voos internacionais suspensos e uma pandemia ainda sem data para terminar, é bem possível que sua próxima viagem seja dentro do Brasil. Passar curtas temporadas em cidades próximas e tirar do papel aquele projeto sempre adiado de conhecer determinada região do país pode ser a solução para matar a saudade da estrada ainda este ano, a medida que o novo coronavírus permitir.

 

Uma pesquisa divulgada em maio, realizada pela Associação Brasileira de Operadoras de Turismo (Braztoa) e pelo Laboratório de Estudos de Sustentabilidade e Turismo da Universidade de Brasília, mostrou que 60% dos entrevistados que ainda planejam alguma viagem em 2020 preferem destinos nacionais. Quando perguntados sobre os planos para 2021, o percentual cai para 49%.

 

— Isso mostra que os turistas querem, neste momento, se sentir seguros, e tendem a evitar locais distantes e desconhecidos. Acredito que as pessoas vão privilegiar “bolhas de segurança”, destinos num raio de até 500 quilômetros de suas casas, onde possam chegar de carro. Essa bolha deve estourar em setembro e outubro, com as pessoas se aventurando em viagens mais longas pelo Brasil — diz o o presidente da Braztoa, Roberto Nedelciu.

 

A CVC corrobora essa tendência. Segundo a empresa, os clientes têm optado por destinos mais próximos do local de origem, com, no máximo, três horas de voo, para as férias e os feriados de verão.

Igreja Matriz de São Pedro, em Gramado Foto: Ministério do Turismo / Divulgação

 

Alguns dos destinos campeões de venda, aliás, já reabriram as portas. Gramado e Canela, na Serra Gaúcha, voltaram a receber turistas no começo de maio, com hotéis e restaurante funcionando com capacidade reduzida, uso obrigatório de máscaras, ampla oferta de álcool gel e, em alguns casos, medição de temperatura.

 

Seguindo a lógica da “bolha de segurança” citada por Nedelciu, a maioria dos visitantes da Serra Gaúcha, até agora, é do próprio estado. O mesmo deve acontecer em Foz do Iguaçu, que retomou sua atividade turística na última quarta-feira, 10 de juho, com a reabertura de hotéis, resorts e algumas atrações, como as Cataratas do Iguaçu. As fronteiras com Argentina e Paraguai, no entanto, permanecem fechadas.

 

Para evitar que o número de casos de Covid-19 cresça na cidade, a prefeitura instalou barreiras sanitárias na entrada de atrações e hotéis, onde os visitantes respondem a um questionário sobre suas condições de saúde, têm sua temperatura medida e higienizam mãos e calçados. E turistas que apresentarem sintomas durante a estadia na cidade serão testados.

 

Já o Beto Carrero World, que reabre nesta quinta-feira, 11 de junho, com 50% da capacidade, só receberá visitantes do próprio estado (Santa Catarina), Paraná e Rio Grande do Sul. O parque temático usará filas virtuais, para evitar aglomeração nas atrações.

 

A onda de retorno do turismo segue em outras regiões do país. No começo do mês, hotéis de Monte Verde, distrito montanhoso de Camanducaia (MG) reabriram. A partir desta quinta-feira, aliás, visitantes poderão voltar à Trilha da Pedra Redonda, a mais conhecida da região, em horário reduzido e com limitação no número de pessoas.  No Nordeste, hotéis começam a planejar o retorno, como o Txai Itacaré, na Bahia, que pretende reabrir em 1º de julho, também seguindo uma série de novas normas de higiene e biossegurança.

Quarto com ofurô da pousada Mirante da Colyna, em Monte Verde, Minas Gerais Foto: Divulgação

 

Para profissionais da saúde, no entanto, a reabertura pode estar acontecendo antes da hora. A infectologista Káris Rodrigues, do Centro de Informação de Saúde para Viajantes (Cives), da UFRJ, alerta para a falsa sensação de segurança que o retorno causa.

 

— No nosso estágio, uma cidade retoma suas atividades porque considera ter capacidade de seu sistema de saúde, não porque o vírus parou de circular. O viajante precisa avaliar a chance de entrar em contato com o vírus. Do mesmo modo que as cidades devem continuar monitorando os casos e estarem dispostas, se necessário, a fechar tudo de novo — explica a médica, que considera as viagens de carro as mais seguras a se fazer neste momento.

 

 

Fonte: Jornal O Globo

 

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