Visão Noturna

Visão Noturna - Foto: Camila Pastorelli - Tratamento: Eva Gonçalves e Godelieve Mosquito.

Visão Noturna propõe arte como tática de combate para celebrar a vida com música, literatura, cinema e artes visuais

O álbum musical ganha um website com seu primeiro videoclipe, uma “vizine” contendo partituras livres não convencionais e outros materiais.

 

Vejo o cosmos
Vejo a vida me passar
Vejo flores
E o universo a se espaçar

Todo o cosmos
Era flores no jardim
(Trecho da canção “Ninguém no cosmos”)

Visão Noturna (Natura Musical) é um projeto interdisciplinar a partir de um disco, que surge do encontro entre Felipe Antunes (Brasil) e Nástio Mosquito (Angola); os artistas conheceram-se em Lisboa (Portugal) no início de 2018 e seguem em diálogo criativo, desde então.

Sob direção de arte de Jackeline Stefanski Bernardes, o álbum lançado em 2020, ganha versões visuais em diálogo com a orientação cósmica para o Sul deste projeto e se debruça sobre as constelações de povos originários da América do Sul, para encontrar rumos inversos aos que guiaram as viagens colonizadoras.

“Nosso desejo é traduzir as canções em cores, texturas e mitologias imagéticas que inspirem vida, abundância e sonho e as constelações indígenas nos apresentam esse imaginário, que nos convida a idealizar e realizar um mundo de criação, colorido, com diferentes narrativas”, afirma Jackeline.

A identidade visual de Visão Noturna foi desenvolvida a partir desse conceito e, à convite do projeto, artistas visuais e da música colaboraram de diversas maneiras: Juliana dos Santos criou, com Nina Vieira e auxílio de Bruna Amaro, o projeto visual e artístico do website e da “vizine” – que apresenta textos, imagens, colagens e partituras exclusivas, combinando processos artesanais e digitais de criação, em uma autopublicação, que dialoga com as populares e independentes zines de contracultura.

A “vizine” é formada por partituras “não convencionais”, a partir da livre inspiração dos músicos Allan Abbadia e Fábio Sá: eles criaram partituras que hora se aproximam das notações tradicionais que conhecemos na teoria musical, hora dialogam com referências de música contemporânea, dramaturgia e fluxogramas didáticos.

Dentro desse website há também um videoclipe inédito da faixa de abertura do álbum, “Labirinto”: trabalho de animação em resposta ao som do artista visual Achiles Luciano que aprofunda essa viagem cósmica infinita e cita as constelações indígenas.

Além disso, outros materiais audiovisuais recém criados e divulgados também estão contidos no visaonoturna.art, como o lyric video da canção “Ninguém no Cosmos”, do artista visual e músico Vaine e outros vídeos com trechos das gravações do álbum em 2019, no Estúdio Canto da Coruja (Piracaia, SP).

A pesquisa de “Visão Noturna” sugere a volta à natureza como forma de distanciamento de aspectos destrutivos do progresso e propõe a arte como tática de combate, transfigurando o princípio da visão noturna — tecnologia oriunda dos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, também utilizada em práticas de caça animal. As canções discutem violência, necropolítica, finitude sob a perspectiva cíclica da vida, do tempo, do cosmos, com produção musical e composições de Felipe e Nástio, arranjos criados pelos dois em colaboração com Guilherme Kastrup, Kika, Fábio Sá, Leonardo Mendes e Ricardo Prado, beats de Chilala Moco (Angola) e trombones de Allan Abbadia.

Sob a direção de produção de Jackeline e Felipe, desde 2018 até o momento, aproximadamente 50 profissionais atuaram e atuam em diversas áreas para a criação e realização deste projeto interdisciplinar, que compreende o lançamento de diversas obras que provocam os sentidos e favorecem reflexões para mudanças de perspectiva e ação culturais.

Neste momento em que compartilhamos uma experiência coletiva que exige mudanças urgentes no comportamento humano, Visão Noturna é uma provocação poética para imaginarmos realidades diferentes, como oportunidade de expansão de nossos pontos de vista. E isso reforça a característica do projeto de instaurar diálogos permanentes, desde as canções e vídeos, até a vizine e além.

“A arte é talvez hoje em dia uma das maneiras mais importantes de resistência, num momento em que a gente está vivendo um ataque ao pensamento, à intelectualidade, à arte também no geral, a gente pode responder com elaboração”, afirmou Felipe durante as gravações do disco, em 2019.

Em breve, para além desse lançamento e de todos os outros já realizados, mais perspectivas artísticas alimentando ilusão versus realidade virão. O álbum, quando lançado, foi dividido em três Atos, começando em “Labirinto” e terminando em “Ao Pó”: que é fim e recomeço – mas nunca foi um Ato Final.

Visão Noturna foi selecionado pelo edital Natura Musical em 2018, ao lado de nomes como O Corre, ATR, Samba de Dandara e Castello Branco, por exemplo. Em São Paulo, a plataforma já ofereceu recursos para 26 projetos até 2019, como Elza Soares, O Terno, Curumim e Rael. “Este projeto, assim como os demais selecionados pelo edital Natura Musical, tem a potência de gerar impacto positivo no ecossistema onde está inserido. Isso se traduz em ações de inclusão, apoio à diversidade e educação. São pilares que impulsionam as mudanças que desejamos vivenciar no mundo”, afirma Fernanda Paiva, gerente de Marketing Institucional da Natura.

Sobre Felipe Antunes

Músico, cantor, compositor e pesquisador. Com sua banda Vitrola Sintética teve três indicações ao Grammy Latino; por sua direção musical em Mãe Coragem, de Daniela Thomas, com Bete Coelho, foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro. É graduado e tem pós-doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo em parcerias com o Ipen, Universidade Aveiro e Universidad Autónoma de Madrid. Tem recentes colaborações artísticas com artistas de Angola, Argentina, Holanda, Moçambique e Guiné-Bissau. Em carreira solo lançou Cru (2018) – participações de Xis, Lenna Bahule e Kika; e Lâmina (2016) – participações de Ná Ozzetti, Hélio Flanders e Bocato. Compôs, com Fábio Sá, a trilha dos “teatrofilmes” Gaivota e Medeia, pela CIA BR 116, essa última com a nova canção “Água-Viva”, interpretada por Tulipa Ruiz.

Sobre Nástio Mosquito

Nástio Mosquito é um artista. Ele também se auto intitula como consultor ou cozinheiro caótico, que mistura vários ingredientes para fazer uma comida gostosa, que às vezes funciona! Trabalha com música, performances ao vivo, palavras cantadas, vídeos e artes visuais e todas as intersecções destas artes. Já participou da Bienal de São Paulo, Bienal de Veneza e esteve em museus como Tate Modern e MoMA. Seus álbuns até então lançados: Gatuno Eimigrante & Pai de Familia (2016); Se Eu fosse Angolano & S.E.F.A. Fast Food (2013); Deixa-me Entrar (2012) e Saindo do Armário (2011).

Sobre Jackeline Stefanski Bernardes

Atriz, artista e arte educadora formada pelo Instituto de Artes da UNESP. Integra a “Pronto Sorrir”, companhia que atua em hospitais pediátricos (2013/21). Com a “Mais Companhia de Dança”, sob direção de Diogo Granato, atuou em “Ápice” e “Indireto Livre” (2017/18). Idealizou o projeto “Melodramática: a genealogia das rainhas” (2015/17). Dirige videoclipes e shows de música, entre eles, os lançamentos dos álbuns, Lâmina (2016), no projeto Prata da Casa do SESC Pompeia, CRUAlterado (2019) no Festival Experimenta no SESI Avenida Paulista e o vídeoclipe “Modelo Guanabara” em parceria com a Monomito Filmes. Com o projeto “ela” esteve no Espaço Espelho D’Água em Lisboa/PT (2017/18); realizou a “Baila! Festa-cênica para celebrar a Morte” no UNIBES Cultural (2019); publicou os artigos “Essas palavras que se organizam são desejo no livro” no livro “Luto em pediatria” (2019) e “Minha experiência como atriz em hospitais, festas e teatros, também”, para coluna do ECOA/UOL (2021) e lançou o curta metragem “A Anfitriã” (2021).

Sobre Natura Musical

Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 174,5 milhões no patrocínio de mais de 518 projetos – entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento às cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do Natura Musical selecionou 43 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 300 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua de lives, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos, agora digitalmente.

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