Protagonismo feminino: A importância de mais mulheres ocupando cargos de liderança

Empresárias de diferentes frentes de negócio falam sobre como a equidade de gênero no mercado ainda permanece desigual, e os caminhos e contribuições para revolucionar esse cenário

 

Por muitas gerações as mulheres ocuparam um papel de coadjuvante no mercado de trabalho. E, ainda que enxerguemos uma evolução, a equidade de gênero na sociedade marcha a passos lentos. Mesmo representando mais da metade da população no país, e em grande parte possuindo maior ou igual grau de instrução em comparação aos homens, as mulheres representam cerca de 13,9% dos cargos de diretoria em grandes empresas, de acordo com dados do Ministério da Economia em 2020. Frente a um cenário de expressivas e constantes mudanças, o debate em relação ao tema cresceu e elas têm se mostrado peças essenciais para o desenvolvimento de grandes negócios em diferentes segmentos.

 

Foto: Leca Novo

De acordo com a empresária Juliana Ferraz, que durante o período assumiu a diretoria de uma das maiores agências de live marketing do Brasil, também responsável pela execução de grandes eventos espalhados pelo país, ter esse reconhecimento valida anos de dedicação árdua. “Estar no cargo que ocupo hoje representa uma luta que eu e muitas mulheres enfrentamos. Entrei no mercado de trabalho em um cenário altamente machista, não alegando que hoje o machismo se encontra inexistente, mas já avançamos passos significativos. Precisei me destacar para provar o meu valor, e meu maior atributo foi gerar conexões e criar pontes para negócios mais estratégicos. Precisei me renovar dia após dia para provar a força que uma mulher nordestina possui”, destaca Ju.

 

 

Foto: João Arraes

Ainda representando o protagonismo feminino no entretenimento, as empresárias Amanda Gomes e Marina Morena, sócias e fundadoras da MAP Brasil, considerada uma das maiores agências de talentos do país, que atua com foco em gestão de carreiras, branding e desenvolvimento de negócios, explicam como tem contribuído para mudar a narrativa. “Nossa diretoria, colaboradores e casting é composto majoritariamente por mulheres, e aqui trazemos uma alta diversidade em termos de especialidades, mostrando que sim, a mulher pode ocupar o lugar que ela realmente quiser. E por mais que saibamos que as oportunidades não são tão acessíveis, queremos mostrar que mesmo assim conseguimos alcançá-las”, pontua Amanda.

 

 

 

 

Foto: João Arraes

Já para Marina Morena, no mercado publicitário há cerca de 20 anos, representar um cargo de liderança impacta diretamente em muitas gerações que sonham em se tornar grandes profissionais. “A figura de uma mulher em uma posição de liderança já possui um impacto gigantesco, mas sendo uma mulher nordestina neste posto, a representatividade é duas vezes maior”, pontua a profissional. “Quero usar a minha influência e o meu espaço no mercado de trabalho para inspirar mulheres que assim como eu, precisaram e ainda precisam dar tudo de si a todo momento para se provar igualmente capazes”, conclui.

 

 

 

 

Foto: Marco Cezar

O olhar feminino também vem ganhando protagonismo na arquitetura. O conselho de Eduarda Tonietto, natural de Caxias do Sul e diretora criativa da Milano Incorporadora, é nunca desistir dos sonhos e mais do que isso, é preciso investir nele. “Para ocupar espaço de grande relevância na minha profissão, precisei investir muito para aprimorar meus conhecimentos na área, o que hoje reflete na minha atual posição. Quero mostrar para outras mulheres que nenhum esforço é em vão, e que somos igualmente capazes de estarmos onde merecemos estar”, destaca Eduarda. A profissional é a arquiteta responsável pela idealização do projeto do Fuso Concept Hotel, empreendimento inaugurado em dezembro de 2020 em Santa Catarina, que chama a atenção por seu design arrojado e luxuoso.

 

 

 

Foto: Divulgação

O machismo representa forte influência na desigualdade no mercado. Para a advogada e professora universitária Samantha Meyer, especialista em Direito Constitucional, a mudança neste cenário se dará com o entendimento da sociedade em dar voz aos movimentos sociais e categorias que buscam enfrentar esse problema. “Precisamos inspirar as mulheres a saírem da bolha que a sociedade criou e rotulou que é onde elas precisam estar. Os movimentos em prol dos direitos da mulher já contribuem para mudar essa visão desigual, mas ainda precisamos dar voz aos movimentos maiores e mais importantes”, explica Samantha.

 

 

Segundo dados do Sebrae, as mulheres foram as mais prejudicadas durante o ano de 2020 ao mesmo tempo que representaram a parcela que mais rápido se reergueu e driblou o cenário adverso com soluções criativas e olhar estratégico para os negócios.

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