Ao contrário do que se pensa, a dieta do HCG não é nenhuma novidade. Em 1954, já havia relatos de pacientes tratados com HCG visando o emagrecimento, com a promessa de perda de peso rápida, sem fraqueza ou fome e associado a redistribuição da gordura corporal. A controvérsia sobre a utilização de HCG para fins de emagrecimento já tem mais de cinquenta anos. E nesse tempo, os estudos realizados falharam em comprovar sua eficácia.
O que é o HCG? O HCG ou Gonadotrofina coriônica humana é um hormônio produzido pela placenta, exclusivo da gravidez. Por isso que, o teste de gravidez através da dosagem sanguínea de HCG é o único exame que comprova exatamente a gravidez, é detectado no sangue 11 dias após concepção. A função do HCG é inibir a menstruação, evitar uma nova ovulação, garantindo dessa forma a manutenção da gestação. Outras ocasiões em que há presença de HCG seriam em alguns tipos de câncer como o coriocarcinoma (câncer da placenta) e câncer de testículo.
O que ele faz no organismo? O HCG manda sinais ao hipotálamo (região do cérebro responsável pelo metabolismo) para mobilizar reservas de gordura. Na gravidez, isso ajuda a levar nutrientes para a placenta, fornecendo ao feto a energia para o seu desenvolvimento.
Como funciona essa dieta? Consiste numa dieta muito restritiva, com consumo diário permitido de apenas 500 calorias, combinado com injeções diárias do hormônio. Os defensores alegam que pode ocorrer uma perda de “gordura” de até 1,3kg por dia. Essa dieta é prescrita normalmente por três semanas. Nos 2 primeiros dias da injeção a alimentação do paciente é livre. Após a 3ª injeção, o mesmo deve aderir à dieta de 500 calorias e manter por até 3 dias após a última injeção. Os alimentos proibidos são: açúcares, frutas com alto índice glicêmico, alimentos processados e amidos.
O que os estudos falam? Os estudos feitos nas últimas 5 décadas mostram que os pacientes perdem peso não pela aplicação do hormônio, e sim pela dieta extremamente restritiva, pois a perda de peso é igual entre os que aplicam e não aplicam o HCG e aderem a dieta de 500 calorias. Não há evidências científicas que sustentem as injeções de HCG como estratégia de emagrecimento. Além disso, estas injeções não são aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration, órgão americano que regulamenta os medicamentos) para o uso na perda de peso. Desde 1975, o FDA exigiu que todo tipo de propaganda sobre a utilização do HCG declarem que: “O HCG não demonstrou ser uma terapia coadjuvante eficaz no tratamento da obesidade”. Em 2011, o FDA se posicionou contra seis empresas Americanas que comercializavam ilegalmente o HCG.
Além da falta de evidência comprovada, a dieta do hormônio da gravidez pode ocasionar sérios problemas de saúde. Os efeitos mais severos são sobre os sistemas cardíaco e vascular, com risco de infarto, derrame, embolia pulmonar e trombose. Segundo a Clínica Mayo, os efeitos colaterais mais comuns da dieta incluem dor de cabeça, alterações de humor, depressão, confusão e tontura.
Nossa opinião é que não existem evidências que o HCG seja efetivo para controle do peso, podendo causar efeitos colaterais importantes e prejudiciais para a saúde. Não existe pílula, injeção ou poção mágica. O emagrecimento precisa ser visto como um processo de mudanças de hábitos alimentares e atividade física que devem durar a vida toda. Dieta tem começo, meio e fim. A educação alimentar, uma vez aprendida, deve durar para sempre.