Um dos desfiles mais marcantes desta segunda feira na bienal paulista foi sem dúvidas o do mineiro Ronaldo Fraga. Trazendo o amor verdadeiro em pauta, ele fez o público refletir sobre a verdadeira forma de amar. “Em tempos de guerra, transgressão maior não há do que falar de amor e paixão”, abrindo o discurso sobre sua coleção com estas sábias palavras, o estilista traduziu o que colocou em camisolas, saias e peças bastante androgênicas, reflexo do amor incondicional a prova dos sexos.
O início do desfile já foi sem dúvidas arrebatador. O artista pôs um casal de modelos se despindo na passarela, tanto em roupas quanto em sentimentos, meio a camas espalhadas e ao som maravilhoso de Terezinha, de Chico Buarque de Holanda. Esta performance maravilhosa contagiou o público de uma forma que só estando presente para sentir tamanha energia.
O amor subversivo da coleção de Ronaldo apareceu diversas vezes nas imagens de coração, desde a conhecida versão desenhada do órgão, até sua forma visceral, aquela com veias que ganham cores, flores e transitam entre as peças retas, com aplicações, nas mais variadas versões do vermelho e roxo, se misturando meio ao nude e o branco, utilizando misturas leves e pesadas.
Os tecidos utilizados tiveram um tanto de “brasilidade”, sua origem 100% nacional foi exposta em peças com tule, seda e jacquard.
Partindo da máxima que “não há amor sem risco, afinal o amor é o próprio risco”, modelos masculinos e femininos trocaram de roupas entre si, mostrando a unissexualidade de suas peças e as diferentes formas de amar.
Após um verdadeiro show nas estreladas passarelas do evento de moda de São Paulo, os modelos deitaram sobre as camas que serviram de cenário para a apresentação artística, e o estilista foi ovacionado pela platéia de pé.