Zezé Motta reestreia show em homenagem a Caetano Veloso

Lançado nos anos 90, show intitulado “Coração Vagabundo – Zezé canta Caetano” traz Zezé e seu lado cantora interpretando 22 obras do compositor

 

Não existe falar da Música Popular Brasileira sem nos depararmos com um dos maiores gênios da história: Caetano Veloso. Com uma discografia que reúne mais de 60 discos e centenas de composições que embalam gerações e mais gerações, sendo considerado internacionalmente um dos melhores compositores do século XX, o artista retorna em 2020 ao repertório de uma das maiores cantrizes do Brasil no show “Coração Vagabundo – Zezé canta Caetano”, originalmente estreado em setembro do ano de 1990 por Zezé Motta no Rio de Janeiro, com direção de Carlos Prieto. O show reestreia no próximo dia 13 de novembro, às 20h, ao ar livre em única apresentação no Teatro Prudential.

 

Com uma carreira de mais de 50 anos na televisão, no cinema e na música, Zezé Motta já gravou discos e estreou shows homenageando seus compositores favoritos. Sua história com o músico baiano, dono de uma obra farta e repleta de boas composições, aconteceu em 1978 quando a artista lançou o LP “Zezé Motta” (Warner), onde compositores do porte de Rita Lee, Luiz Melodia e Moraes Moreira entregavam canções inéditas para ela levar aos estúdios. Foi ali estreia da cantriz no mercado fonográfico e lá estava Caetano, entregou “Pecado Original” para Zezé gravar. No ano seguinte (1979) lá estava Zezé Motta interpretando Pecado Original no Programa Mulher 80, na TV Globo, que reuniu grandes estrelas da música brasileira. A gravação da obra por Zezé nunca mais foi a mesma depois de sua interpretação. Anos mais tarde Zezé grava “Miragem de Carnaval” a convite do próprio Caetano para o filme Tieta, de Cacá Diegues, onde também atuou como atriz. Em 2015 uma grande surpresa! Caetano diz a Nelson Motta que foi Zezé Motta que o inspirou no clássico “Tigresa”, de 1977. Até então se dizia que Sônia Braga tinha sido a fonte inspiradora dos versos “Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel/ Uma mulher, uma beleza que me aconteceu/ Esfregando a pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu.” Zezé ficou naturalmente lisonjeada com a revelação deste velho segredo da MPB. “Foi um presente lindo no início de 2015 saber que fui a musa inspiradora de ‘Tigresa’. Na época, quando essa inspiração era boato, eu ficava tímida sobre o assunto”, diz Zezé Motta.

 

O show “Coração Vagundo – Zezé canta Caetano” é um alento àqueles que consomem MPB, as obras de Caetano, e o poderoso timbre contralto de uma artista que é ícone negro da cultura brasileira. Zezé Motta faz uma releitura de seu próprio show lançado nos anos 90 mas com uma roupagem voz e piano, criando um cenário intimista e ao mesmo tempo caloroso. Luz do Sol, O Ciúme, Odara, Esse Cara, Sampa e Tigresa fazem parte do repertório.

 

Data: 13 de novembro de 2020
Horário: 20:00hrs
Vendas presencial: R$60,00 (inteira)
Classificação: Livre

 

 

Sobre Zezé Motta:

Há quem se lembre de Zezé Motta apenas como atriz – difícil mesmo dissociar sua figura da bela e sedutora Xica da Silva -, mas essa é apenas uma das facetas da artista de 76 anos, tendo mais de 50 deles dedicados à cultura no Brasil.

 

Filha de um músico de mão cheia, logo cedo se interessou por teatro. Fez um curso no Tablado e encenou sua primeira peça profissional aos 21 anos. A estreia de Maria José Mota não poderia ser mais marcante: Em janeiro de 1968, ela integrou o coro do musical “Roda Viva”, escrito por Chico Buarque e dirigido por José Celso Martinez Correia. Um dos mais emblemáticos espetáculos dos anos 60, que foi atacado pelo Comando de Caça aos Comunistas e teve seus atores ameaçados e agredidos.

 

Surgia ali uma trajetória de sucesso que a levaria para aos melhores palcos, aos melhores filmes criados por aqui, e aos cantos escondidos dessa terra através da televisão.

 

Com o Teatro de Arena, nos anos 60, encenou o clássico “Arena Conta Zumbi”, de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, com tournée pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Fez também outras peças, incluindo Godspell, em 1974.

 

A atriz, que já recebeu o Troféu Oscarito – destinado a grandes atores do cinema brasileiro -, por sua majestosa atuação como Xica da Silva, foi homenageada e entrou para a memória do Museu do Festival de Cinema de Gramado (RS), através de uma estátua de cera. Zezé também já foi três vezes enredo de escolas de sambas no carnaval do Rio de Janeiro. São inúmeros os prêmios e homenagens já recebidas por todo esse Brasil, de festivais de cinema de grande a pequeno porte, Zezé sempre esteve lá, sendo reconhecida.

 

De 1975 a 79, lançou três LPs:“Gerson Conrad e Zezé Motta”; “Zezé Motta” e “Negritude”. Nos anos 80, lançou mais três trabalhos como cantora: “Dengo”, “Frágil força” e, com Paulo Moura, Djalma Correia e Jorge Degas, “Quarteto negro”. E não parou por aí. Apresentou-se, representando o Brasil, a convite do Itamaraty, em Hannover (Alemanha), no Carnegie Hall de Nova York (EUA), França, Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal.

 

Sob a direção de Cacá Diegues, Zezé Motta ganhou o Candango de Melhor Atriz por Xica e participou de outros quatro filmes: Quilombo (1984), Dias Melhores Virão (1990), Tieta (1996) e Orfeu (1999). Além de Diegues, Hugo Carvana (Vai Trabalhar, Vagabundo!, 1973), Arnaldo Jabor (Tudo Bem, 1978), Nelson Pereira dos Santos (Jubiabá, 1986), Paulo César Saraceni (Natal da Portela, 1988), Sérgio Bianchi (Cronicamente Inviável, 2000, e Quanto Vale ou É por Quilo?, 2005), Paulo Caldas (Deserto Feliz, 2007) e Jeferson De (Bróder, 2010), foram alguns dos cineastas pelos quais foi dirigida nos 45 longas em que atuou. Na televisão, participou de cerca de 50 programas, entre minisséries, telefilmes e novelas, desde sua estreia em Beto Rockefeller (1968) até a recente O Outro Lado do Paraíso (2017-2018). Em 2020 foi convidada para 02 novos projetos na Tv Globo: “Fim”, série baseada no livro homônimo de Fernanda Torres, e Arcanjo Renegado, uma das mais assistidas do Globoplay. Na obra, a atriz interpretará a reitora de uma universidade da Baixada Fluminense. Sob o comando de José Junior, a segunda temporada da série ainda contará com nomes como Rodrigo França e Cris Vianna.

 

Figura respeitada da música, televisão e cinema, Zezé é incansável. Seja no cinema ou na TV, durante seus mais de 50 anos de carreira, Zezé rompe barreiras e coloca no centro da cena artística nacional as múltiplas dimensões do protagonismo feminino e negro em tela. O seu imenso talento e carreira inspiram atuais e futuras gerações de mulheres que lutam por expressão, espaço e oportunidade.

 

Cantora, atriz, mãe, avó, amiga, ativista. Mais Cinquenta anos de carreira. São 14 discos, mais de 35 novelas e mais de 45 filmes. Impossível não se orgulhar. Não apenas pelos números. Mas também por sua história de luta contra o racismo. Esta é Zezé Motta.

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