Um dos pontos turísticos mais desejados por quem vai à Serra do Tepequém, localizado no Município de Amajari, ao Norte de Roraima,  é a corredeira do Tilim do Gringo, que é um canal aberto entre as rochas feito por empresários de mineração belgas, que eram os donos do garimpo de Tepequém na década de 1950. A fenda foi aberta com dinamites e muito trabalho braçal dos garimpeiros contratados pela empresa belga.

Tilim é o termo usado no garimpo amazônico para designar o canal por onde escorre a água com o rejeito do minério. A palavra vem do vocábulo de mineração inglês “tailing” (rejeito). O mais famoso tilim do Tepequém é o do Gringo. Para chegar lá é necessário um guia.  É um dos passeios que exige esforço físico para uma caminhada de no mínimo  meia hora só de ida, se for seguindo o curso da água.

Seguimos a trilha do Igarapé do Cabo Sobral, que é uma das mais fáceis, sendo necessária uma caminhada percorrendo o curso da água, ora sobre a trilha na encosta, ora por dentro do leito do igarapé. Chega um momento em que só é possível caminhando pela água e o cascalho do leito do igarapé.

Não é recomendado ir sem guia nem em grupo pequeno, pois o local serve de trilha para porcos do mato (conhecido como “queixadas” ou “porcão”), que andam sempre em bando e podem estraçalhar as pessoas durante o ataque. Além disso, existem onças na região que estão sempre na trilha dos porcos para se alimentar.

Tomando as precauções necessárias, o passeio é um dos mais espetaculares não só pela exuberância da paisagem entre as serras, como também um laboratório a céu aberto para observar o estrago provocado pelo garimpo e a força da natureza para se recuperar.

Durante todo o percurso, o turista vai encontrar pedaços de garrafas de cachaça na areia (que era o “combustível” dos garimpeiros da época), rotores e pedaços de mangueiras das bombas de prospecção, além de outras peças dos maquinários que por décadas estão sendo arrastadas ou sendo encobertas lentamente pela enxurrada em tempo de inverno.

A erosão provocada pela garimpagem pode ser vista também durante todo o trajeto, além de cascalhos e areias removidos, que formam dunas. Como ali tudo foi revirado no auge do garimpo, é preciso ter cuidado ao andar pelo leito do rio, pois em alguns locais formaram-se verdadeiros atoleiros com a mistura de areia e cascalho, que mais se parecem com areia movediça, que “engolem” as pessoas até próximo da cintura.

Vale a pena o passeio para quem quer realmente conhecer Tepequém “por dentro” e imaginar que aquelas belezas naturais um dia correram ameaça de desaparecem por causa do garimpo predatório. Mas a natureza está se recuperando e mostrando sua exuberância, apontando que o turismo pode ser um aliado à preservação, se bem organizado.

Fonte: http://roraimadefato.com/