Em Roraima, existe um lugar que representa um momento único para se observar os registros de nossos ancestrais e sentir uma atmosfera de estar em contato com a História longínqua da humanidade nesse pedaço do Planeta. Trata-se da Pedra Pintada, uma formação rochosa situada em um sítio arqueológico ao Norte do Estado.

Os pesquisadores dizem que a principal pedra do sítio tem mais de 35 metros de altura em uma altitude de 83 metros em relação ao nível do mar, onde existe uma caverna cujas paredes apresentam pinturas rupestres. Lá também foram encontrados pedaços de cerâmicas, machadinhas, contas de colar, entre outros artefatos.

Pelo lado de fora é possível ver pinturas em cor branca rosada, fato que deu o nome de Pedra Pintada. O sítio arqueológico localiza-se nos limites da Terra Indígena de São Marcos, a 140 quilômetros da Capital, no sul do Município de Pacaraima, quase na divisa com o Município de Amajari.

O acesso é pelo trecho norte da BR-174, em direção à Venezuela. Para quem sai de Boa Vista, a 130 Km existe uma placa à direita indicando a entrada, que é feita pela RR-400, o acesso principal. Embora a estrada seja de piçarra, com pedras soltas e buracos, o que requer atenção do condutor, no período do verão o acesso é fácil e muitos vão para tomar banho de rio nos fins de semana. São 15Km de vicinal na piçarra.

OS MISTÉRIOS QUE PERMANECEM INTOCADOS

Quem chega ao local, logo na entrada do sítio arqueológico, se depara com o Rio Parimé, onde no passado um pouco distante existia uma ponte de madeira para fazer a travessia. Hoje existem apenas resquícios da estrutura da ponte. Mas, no período de verão, de dezembro a março (embora este ano praticamente não foi registrado período de chuvas de abril até agora), pode-se atravessar a pé se equilibrando pelas rochas que “brotam” do rio, como se fossem esculturas de pedras.

Ainda na margem do rio, subindo numa pequena rocha frontal, dá para observar o visual do conjunto das três pedras maiores que formam o sítio arqueológico. A pedra mais importante é a última da trilha, onde estão os registros históricos da pré-história, cujo acesso é por uma picada no meio do lavro. É só seguir a picada no meio do lavrado para chegar lá.

Os registros rupestres da Pedra Pintada podem ajudar a dar uma luz sobre a compreensão do passado, mas as pesquisas arqueológicas não avançaram e o local não está protegido como deveria, a não ser com placas indicando que se trata de área do patrimônio histórico a ser preservada.

Mas, quem decidir visitar o local precisa pedir autorização para não enfrentar contratempos. Informações podem ser obtidas na Associação dos Povos Indígenas de Roraima.

A região encanta por sua beleza ao longo de uma extensa planície. A pedra é considerada um monumento megalítico imenso, ainda indecifrado pelos pesquisadores. Conforme narraram os estudiosos do assunto, a Pedra Pintada assemelha-se a um ovo pétreo gigantesco, com cerca de 60 metros de comprimento, 40 de altura e 40 de largura.

Há indício de ter servido de abrigo para povos primitivos em um passado muito remoto. O paredão de granito altaneiro é como se fosse um mural feito há milênios por “artistas” do passado, com várias pinturas, algumas alcançando até mesmo cerca de 15m de altura, como se a pedra tivesse sido escalada para que a pintura fosse realizada.

EL DORADO E O GRANDE LAGO DE MANOÁ

Para alguns pesquisadores, a Pedra Pintada teria surgido na Era Mesozóica, nos períodos do Cretáceo e Jurássico, a cerca de 67 e 137 milhões de anos. Outros adotaram a teoria de que a região teria sido um grande lago chamado de Lago de Manoá e que cobria parcialmente a Pedra Pintada, justificando assim a altura em que são encontradas certas pinturas gravadas em seus paredões retilíneos.

Esta teoria povoa a imaginação de exploradores do passado que alimentavam a antiga lenda da “cidade de ouro”, desaparecida em meio à floresta amazônica e exaustivamente procurada pelos descobridores espanhóis e aventureiros audaciosos, que nada mais é do que o misterioso El Dorado.

As pinturas são feitas em pigmentos avermelhados, muitas em perfeito estado de conservação, enquanto outras, mais esparsas, já podem ser vistas castigadas pela ação do tempo. Percorrendo ao redor da pedra, podem ser observados outros blocos de pedra menores, onde existem desenhos variados, todos gravados em pigmento vermelho vivo.

O conjunto dessas pinturas e pedras é chamado de Sítio Arqueológico da Pedra Pintada. É por isso que, se não for preservado de forma urgente, pode desaparecer um dos mais importantes patrimônios arqueológicos do Brasil.

O site Roraima de Fato, ao ir ao local, notou que visitantes inescrupulosos lançam garrafas, latas e plásticos ao longo das trilhas e principalmente ao redor da pedra principal, além de vândalos que deixam seus nomes ou apelidos pichados por pura irresponsabilidade.

OVO GERADOR DO MUNDO

Marcel Homet escreveu que a Pedra Pintada e seus registros excepcionais assemelham-se a um elipsóide colossal, comparando-a a um ovo. Assim ele escreveu: “Imediatamente recordamos o ovo ‘cosmogênico’, a antiga tradição do ‘Ovo gerador do mundo’. A este pensamento junta-se logo um outro, o ‘ovo primitivo’ das velhas terras do Mediterrâneo, que aparecia sempre acompanhado de uma serpente. Que vemos no frontal da Pedra Pintada? A antiga serpente da tradição, pintada no meio da parte central. Essa pintura foi executada tão alto que seu criador, tendo o nosso tamanho, deve ter precisado de andaimes gigantescos”.

P.S.: Essas afirmações foram relatadas por Marcel Homet em seu livro Os Filhos do Sol. Fonte de consulta: J. A. Fonseca, economista, escritor, conferencista, estudioso de filosofia esotérica e pesquisador arqueológico.

Fonte site: http://roraimadefato.com/