Josefa Aguiar

Josefa Aguiar - Foto: Alexandre Stone.

Os “anjos”do sono profundo

A médica anestesiologista Josefa Aguiar dá detalhes sobre a especialidade médica, essencial para a segurança dos pacientes em procedimentos cirúrgicos.

 

“Mandou o Senhor Deus um profundo sono a Adão e tirou uma de suas costelas, enquanto estava dormindo”. A narrativa de Gênesis sobre a criação de Eva dá indícios da primeira especialidade médica a surgir no mundo: a anestesiologia. Segundo a médica anestesiologista Josefa Aguiar, a passagem bíblica deixa claro que, antes de se transformar em cirurgião, Deus exerceu a função vital para retirar ou aliviar a dor de pacientes que necessitam realizar procedimentos médicos.

“Quem dorme em um sono profundo está sendo anestesiado, por isso o primeiro anestesiologista foi Deus”, ressalta Josefa. Formada pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), com residência em Anestesiologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e título de Anestesiologista pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia (AMB-SBA), a médica explica que, hoje, o profissional da especialidade, também chamado de anestesista, atua além do centro cirúrgico (período intra-operatório), participando desde a indicação cirúrgica até a evolução do paciente após o retorno do ‘sono profundo’.

Segundo Josefa, realizar a consulta pré-anestésica para qualquer cirurgia é diretriz do profissional anestesiologista, nos termos das resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) – atualmente a no 2.174, de 14 de dezembro de 2017. “O objetivo maior é poder garantir a segurança anestésica, esclarecendo as dúvidas dos pacientes, reduzindo o nível de ansiedade, diminuindo as chances de cancelamentos cirúrgicos e melhorando a satisfação, além de criar um vínculo da equipe que irá cuidar do paciente durante todo o período pré-operatório. A avaliação pré-anestésica reduz significativamente a morbidade, somado a qualificação do ato anestésico-cirúrgico”, salienta.

Josefa Aguiar
Josefa Aguiar – Foto: Alexandre Stone.

Durante essa consulta, o anestesiologista busca se informar sobre as condições físicas, psíquicas e sociais do paciente, além de identificar informações clínicas, como histórico de comorbidades. “Se possui algum tipo de alergia, relação dos medicamentos contínuos e controlados, com detalhamento das doses diárias; histórico de cirurgias (eletivas ou de urgências); se houve intercorrências cirúrgicas, como infecções de sítio cirúrgico; se já recebeu anestesias anteriores e qual técnica anestésica adotada; e os dados do procedimento cirúrgico atual”, especifica a anestesista.

Atualização

Apaixonada pela especialidade desde os dez anos de idade, acompanhando os passos de um vizinho que amava o que fazia, Josefa fala que a área exige atualização contínua, especialmente com o avanço da tecnologia. “A anestesia foi uma das áreas que mais se atualizou em níveis totais, tanto em medicações como em sistemas. Hoje, trabalhamos com tudo computadorizado. Tudo vai online para o paciente e para assistência do hospital. Além disso, temos medicações novas, que reduzem até mesmo o tempo do retorno do paciente após a cirurgia. A anestesia de hoje é extremamente moderna”, aborda.

A médica deixa claro que os estudos devem sempre fazer parte da rotina de quem deseja investir na carreira. “É como se você sempre precisasse aprender tudo de novo, porque tudo vai mudando, desde a abordagem até os sistemas de atuação. É preciso estudar diariamente”.

Josefa Aguiar
Josefa Aguiar – Foto: Alexandre Stone.
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