O valor de um artista se mede pela sua capacidade de impactar o mundo com sua arte mesmo quando ele não está mais presente no plano terrestre. Assim é Jaider Esbell, artista plástico escritor e, acima de tudo um ativista da arte indígena. Nascido no município de Normandia, em Roraima, ele era de etnia Macuxi e viveu até os 18 anos de idade onde hoje é a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Suas obras de arte percorrem o mundo, de Paris e Veneza à Bienal de São Paulo. Aliás, foi ele que deu voz e mais ocupou espaço nessa mostra que antes pouco se atentava para a arte indígena brasileira. Esse sucesso se deu devido, principalmente ao seu talento como artista, mas sua voz como defensor das causas indígenas também somaram para que a arte fosse expressão de luta pacífica dos povos tradicionais.

Agora, Jaider Esbell ganhou galeria própria, com seu nome, sediada na sua antiga casa, em Boa Vista (RR). Por lá, além das obras de arte que deixou pintadas em diferentes técnicas, estão obras de outros artistas indígenas que ele sempre fez questão de divulgar e contribuir para comercializar.

Aliás, Jaider Esbell acaba de ser agraciado com o título de Doutor Honoris Causa Póstumo pela Universidade Federal de Roraima, sua terra natal. Por tudo isso, mas acima de tudo pela beleza do seu trabalho e riqueza do seu trabalho, a Galeria Jaider Esbell vale cada minuto de visita. Mas agende antes.

Para agendar visita: https://www.galeriajaideresbell.com.br/

 

A CULTURA DOS TEARES ARTESANAIS DO SUL QUE VIROU ARTE

 

O nome Oiamo pode até chamar a atenção, mas o que impressiona é a beleza e a criatividade das peças eleboradas por esse ateliê de design artesanal criado em 2019, pelo designer Tiago Braga. Nascido com o objetivos de mapear e revitalizar a memória das comunidades originárias do extremo sul brasileiro, tudo que é feito no Oiamo valoriza a materialidade natural e orgânica, enriquecida pelo saber fazer manual, resgatando técnicas ancestrais da lã artesanal gaúcha.

 

Seus projetos combinam habilidades tradicionais, como tricô, tear, crochê, bordado, cestaria e marcenaria. Inspiradas pela vida rural, litorânea e urbana, as criações exploram de forma inovadora a riqueza das fibras naturais, como bananeira, bambu, vime, algodão reciclado e lã pura, de maneira sustentável. As obras da Oiamo capturam o ritmo da paisagem cinza do extremo sul brasileiro e o clima frio, contrastando com o Brasil Tropical. Essa diversidade se manifesta em visões poéticas de cenários e instalações, enriquecendo a prática do artesanato e valorizando o modo de vida ancestral.

O designer Tiago Braga atualiza o imaginário gaúcho brasileiro em pequenas coleções feitas em parceria com comunidades locais. Natural de Osório, uma pequena cidade litorânea do Rio Grande do Sul, cercada por lagoas entre a serra e o Oceano Atlântico, Tiago Braga é neto de costureira, de pai músico e de mãe professora e artesã. Suas peças, feitas em colaboração com diferentes artesãos do Rio Grande do Sul, já foram exibidas em mostras como a DW! São Paulo Design Week, Design Oriundi 2020, Paris, Milão e Estados Unidos. Este mês, por exemplo, a Oiamo estará na Semana de Design de Paris, realizada em paralelo à feira Maison et Objet.

Para saber mais: https://www.oiamo.com.br

 

UMA REDE DE COMÉRCIO DE POPULAÇÕES INDÍGENAS

Bancos de madeira com esculturas de animais da etnia Menihako, cerâmica Wará e colar de Tiririca Krahô. As peças são do coletivo Rede Multiétnica, que surgiu para fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva, vinculando comunidades, associações, cooperativas, artesãos indígenas e artesãs independentes para inseri-los em uma rede solidária de fomento à produção, contribuindo com o escoamento de sua produção, gerando renda de maneira regular e valorizando suas culturas.

E foi fruto do projeto Aldeia Multiétnica, situado na Chapada dos Veadeiros, no Estado do Goiás, lançada em 2007, que tornou-se um ponto de encontro entre diferentes povos indígenas, como os Kayapó/Mebengôkré (PA), Krahô (TO), Fulni-ô (PE), Guarani Mbyá (SC), Xavante (MT), Alto Xingu (MT), Yanomami (AM) e Kalunga, do maior território remanescente quilombola do Brasil (GO).

Exemplo de economia circular e valorização do conhecimento e cultura dos povos tradicionais, a Rede Multiétnica contribui para a geração de renda dessas populações. Além de oferecer produtos que prezam pela sustentabilidade. Além disso, diversidade de etnias é vista no portal da Rede Multiétnica, onde é possível encontrar de acessórios até peças de decoração e alimentos, como pasta de pequi. Recomendo uma visita ao site.

Para saber mais: https://www.redemultietnica.com