Neuroses na Pandemia

Psicólogo Carlos Arruza fala sobre neuroses na pandemia e dá dicas de cuidados para se ter em casa

*Ator e psicólogo (Carlos Arruza é registrado no Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP 05/33478) com o nome de Carlos Francisco Pinto Silva)

A sociedade atual vive um dos momentos mais delicados da história na saúde pública. A pandemia do Covid 19 pegou o mundo de surpresa forçando famílias, amigos e todos a mudarem suas rotinas. O que antes era normal, e por vezes até corriqueiro, como curtir um fim de semana na praia, um bar com amigos ou almoço de domingo reunindo todos da família, passou a ser algo ainda sem data previa para voltar totalmente ao normal como era antes.

Com isso, muitas pessoas passaram a acionar neuroses, condições comuns a todos nós, mas que se intensificaram pelo fator solidão e medo.

– A pandemia intensificou aquilo que já temos guardado e que precisamos trabalhar em nosso sistema psíquico. A noção de finitude, medo da morte e o luto são questões mais comuns nesse momento. Angústia, solidão e sensação de impotência são gatilhos para os transtornos de ansiedade. Tudo que registramos e que esteja relacionado a esses itens serão acionados num momento de isolamento social – explica o psicólogo Carlos Arruza.

A procura pelos atendimentos de psicoterapeutas aumentou com a pandemia, muitos dos pacientes o fazem por vídeo chamada.

 – A procura pela psicoterapia foi intensificada pela pandemia. Sempre bom lembrar que um grande número de pacientes é de frequência flutuante, quer dizer, em momentos de crise buscam uma assistência psicoterapêutica e quando se sentem melhor acabam se afastando seja pelo alívio dos sintomas, condições financeiras ou mesmo por não conseguir administrar compromissos profissionais que acabam protagonizando suas vidas. O que tenho observado é que a pandemia tem desconstruído o preconceito de que a psicoterapia é um serviço para loucos ou frescura de gente rica – ressalta Arruza.

Porém cada um tem que se ajudar, procurar não estimular essas condições, para que essas não tomem conta do seu psicológico. Infelizmente com acesso as redes sociais e com as fakes news, isso se tornou por vezes difícil, e lá se encontram muitos gatilhos para que neuroses perdurem mais tempo para serem controladas.

– Estamos sempre de modo criativo utilizando recursos para amenizar esse sofrimento. Uma rede apoio é sempre o mais recomendado. A assistência de profissionais de saúde e a busca de interação via tecnologia podem trazer mais conforto. Lembrando que muitas vezes o acesso a rede sociais e notícias falsas podem servir como gatilhos de transtornos de ansiedade. É importante bom senso e atenção na utilização dessas ferramentas – alerta o psicólogo.

Arruza sugere alguns “exercícios” que podem aliviar a pressão e ajudar a pessoas que estejam sofrendo durante a pandemia.

– Em um mundo tão acelerado, onde não tínhamos tempo para viver as coisas mais simples como preparar o próprio alimento e comer de forma consciente, respirar com calma ou falar pausadamente agora ganham outro sentido. Pessoa isoladas e que estão solitárias ou não, podem experimentar de forma mais consciente esse processo de auto regulação do organismo. Ferramentas como a yoga, mentalização, exercícios de respiração e reorganização de tarefas pessoais como até mesmo a maneira com que lida com seus objetos, roupas e outros elementos de contato direto e íntimo certamente trarão mais qualidade de vida e um retorno a “normalidade” com muito mais saúde – coloca ele.

Além disso, o psicólogo fala de como a vacinação pode auxiliar a saídas em ambientes seguros, com todo os cuidados possíveis, para que pessoas, que estão há quase dois anos isoladas em casa, possam espairecer.

– Existem protocolos de segurança que devem ser respeitados. Com a vacina, uso de máscara, higienização constante das mãos com álcool em gel e buscar sempre uma distância de segurança, a pessoa deve voltar a conviver. Enfrentar a realidade se servindo dessas regras básicas é importante no combate as crises geradas pela pandemia. Precisamos entender que as crises sempre farão parte da existência humana e que muitas vezes elas ocorrem sem que possamos calcular a dimensão de seus danos. Temos recursos para encarar a vida sem medo, mesmo diante a um gatilho que possa acionar diante ao perigo. Não estamos sós. Ir a lugares sem aglomeração e apreciar a vista ajudam com certeza – diz.

Carlos Arruza dá 5 dicas para que pessoas isoladas não acionarem neuroses ou tratar dessas, caso tenham desenvolvido.

Procure um psicoterapeuta: O autoconhecimento será sempre o melhor caminho para evitarmos o sofrimento. Faça uma pesquisa na internet, hoje existem profissionais com preços bem acessíveis e que com certeza vão de encontro a demanda de cada um.

Se valorize: Olhe para o que você tem aqui e agora. Valorize suas conquistas e quem você é. Segurança e auto estima são a base para que nos sintamos seguros mesmo quando recebemos golpes inesperados.

Respire: Aprenda a respirar. Está provado que a respiração regula o sistema nervoso simpático, que é responsável por acionar o estado de alerta do organismo, gerando ansiedade. É pela respiração que controlamos o excesso de adrenalina e recuperamos nosso estado de paz.

Pratique atividades físicas: Os hormônios de prazer são liberados por atividades físicas, como também a limpeza do organismo pela liberação de toxinas. Exercício físico pode ser feito em qualquer local e existem várias formas de praticar. Encontre a sua.

Coma alimentos saudáveis: independente da classe social, procure alimentos saudáveis, comida de verdade. Lembre-se que quanto mais industrializado for, mais química o seu organismo estará recebendo e não se engane, seu emocional será afetado também por isso.

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