Dra. Leilian Amorim

Dra. Leilian Amorim

Morte Súbita

Por Leilian Amorim

A morte súbita é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a morte inesperada, não ocasionada por trauma, dentro de uma hora do início dos sintomas ou, em casos de morte não testemunhada, quando a vítima foi vista em “boas condições de saúde” nas 24 horas prévias ao evento. Na maioria das vezes é de origem cardíaca, onde ocorre interrupção súbita e inesperada da atividade cardíaca com colapso hemodinâmico. O risco de morte súbita cardíaca é maior em homens do que em mulheres e qualquer pessoa possui o risco de sofrer com esse problema. As doenças cardíacas que aumentam o risco diferem de acordo com a idade, abaixo dos 35 anos as principais causas são doenças hereditárias (transmitidas dos pais para os filhos – como Cardiomiopatia hipertrófica, Cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito, Canalopatias), inflamação do músculo cardíaco (Miocardites) e origem anômala das artérias do coração. Acima dos 35 anos de idade a principal causa é a doença arterial coronariana.

As doenças cardíacas citadas acima podem causar as arritmias cardíacas responsáveis pela morte súbita (Taquicardia ventricular / Fibrilação ventricular). A maioria dos indivíduos que são acometidos pela morte súbita permanecem inconscientes em segundos a minutos devido ao baixo fluxo de sangue ao cérebro. A persistência desse quadro, na ausência de tratamento adequado e imediato, levará à morte. Geralmente não ocorrem sintomas premonitórios, mas, se ocorrerem, são inespecíficos e incluem desconforto no peito, palpitações, falta de ar e fraqueza.

O atendimento inicial necessita, rapidamente, de manobras de ressuscitação cardiopulmonar. Vale lembrar que cada minuto perdido no atendimento torna a situação mais difícil de ser revertida e por isso a necessidade de atendimento imediato. Quando as medidas corretivas são eficazes e conseguem reverter o quadro, dizemos que o indivíduo acometido teve uma morte súbita abortada.

Assim, quem possui histórico familiar de morte súbita, especialmente em parentes que faleceram antes dos 50 anos de idade, devem fazer exames cardiovasculares regularmente, para avaliar se há uma doença que ainda não se manifestou. Infelizmente, o primeiro sintoma pode ser a morte súbita durante uma atividade física, na pessoa que nunca fez uma avaliação médica anterior, já que a maioria das vítimas tem o problema e não sabe. Apesar de existirem medicamentos que podem controlar as doenças cardíacas que têm chances de causar morte súbita e dispositivo cardíaco (Cardioversor-Desfibrilador Implantável – CDI – aparelho que tem por finalidade converter todos os episódios de arritmias malignas que levam a morte súbita através de um choque de desfibrilação para o coração), a prevenção ainda é o “melhor remédio”!

FONTES:
– SOBRAC (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas): https://sobrac.org/home/;
– ESC Clinical Practice Guidelines. Ventricular Arrhythmias and the Prevention of Sudden Cardiac Death Guidelines. European Heart Journal (2015).

Leilian Amorim é graduada em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas. Tem residência em Cardiologia Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), especialista pela SBC e subespecialização em Arritmologia Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (INCOR-FMUSP), habilitada pela SOBRAC.

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