Luiza Brunet fala sobre violência doméstica e filme biográfico em live com Antonia Frering

Modelo e ativista revela o aumento de violência contra mulher durante a pandemia

 

De símbolo de beleza à ativista social, Luiza Brunet participou de uma live com Antonia Frering nesta quarta (22) e revelou os caminhos que a levaram a desenvolver projetos voltados a proteção da mulher, estratégias de denúncia. Também contou sobre o convite que recebeu para ter sua história transformada em filme.

A modelo e ativista tem uma história de vida marcada por traumas. Ainda na infância presenciou o pai desenvolver alcoolismo e a mãe ser vítima de violência doméstica. “O álcool potencializa a violência. Minha avó também sofreu isso e naquela época era naturalizado”, conta Brunet. Devido às dificuldades financeiras na família, começou a trabalhar muito jovem como empregada doméstica e, aos 13 anos, sofreu abuso sexual. Decidiu na época não contar para os pais e desenvolveu diversos distúrbios emocionais.

Após o episódio Brunet procurou empregos em loja e afirma ter sofrido assédio moral por todos os lugares que passou. Para ela como a violência é aprendida as pessoas precisam romper com este comportamento em algum momento. “Quando eu sofri violência aos 54 anos percebi que passei por uma série de abusos, fiz mais de 150 falas com mulheres sobre importância de revisitar a própria história”, observa a modelo que afirma haver formas de perceber quando se está em um relacionamento abusivo. “Se ele fala que já agrediu mulheres e desqualifica outras, é preciso se atentar”, alerta. Brunet também aponta que homens violentos não gostam de mulheres fortes.

Além da física, existem outras etapas da violência doméstica: a verbal, moral, psicológica, patrimonial e sexual. “O último estágio é o feminicídio”, explica a ativista. Antonia Frering relaciona a explicação a acontecimentos semelhantes de uma série que está assistindo. “Impressionante como do século 18 para cá o medo de denunciar casos não mudou”, observa ela que se lembrou do aumento das campanhas de denúncia, na medida em que os casos de violência durante a pandemia cresceram. A ativista citou o Projeto de Lei 2.510/2020 onde os vizinhos que presenciarem violência doméstica ou familiar tem o dever de denunciar. “A gente só vai acabar com a violência doméstica se a sociedade civil se envolver! As campanhas são maravilhosas, mas não adianta se a própria sociedade fica invisível”, critica Brunet.

Brunet começou a desenvolver trabalhos sociais quando sofreu violência física de seu último marido e reviu a história da mãe e avó. “Eu não queria virar estatística”, afirma. “Cada vez que eu me olhava no espelho eu tinha mais certeza que precisava fazer a denúncia”, relembra sobre seu próprio episódio de violência. Na época a ativista participava de campanhas que a permitiam ter mais acesso ao tema. O processo longo e doloroso que a revitimizou impulsionou a seguir novos caminhos. “Quem me julgou me levou a ser o que sou hoje. Por essa razão decidi me qualificar, ouvir outras histórias para dar voz a quem não tem condições de se colocar na mídia”, comemora Brunet, que ressalta a importância de aproveitar seu conhecimento público. Ela também ressalta o poder das mídias sociais hoje para amplificar mais vozes. “As mulheres precisam se manifestar. As redes sociais é a melhor forma de chamar atenção, cobrar por políticas, se posicionar. Usar das plataformas digitais para denunciar e ajudar quem sofre. [as redes sociais] tem o poder magnífico para colocar ideias e nossos pedidos de socorro”, pontuou.

Luiza ainda contou sobre o filme que trará sua história. A diretora Daniela Buzoni pediu autorização para levar sua trajetória ao cinema. O roteiro ficou por conta da autora e produtora Carolina Kotscho. “Estamos com o projeto bem adiantado e tenho certeza que ele será aprovado”, conclui.

Confira a entrevista na íntegra:

 

 

Fonte: Index Conectada

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