LIMITES QUE LIBERTAM: EXERCÍCIOS PRÁTICOS PARA MULHERES QUE FAZEM DEMAIS
Por Dra. Ana Paula Amanajás
Na semana passada, querida leitora, conversamos sobre a importância de aprender a
dizer “não” e como essa pequena palavra de três letras pode ser revolucionária para
nossa saúde mental. Confesso que fiquei emocionada com as mensagens que recebi –
histórias de mulheres que se viram refletidas naquelas linhas e que começaram sua
própria revolução silenciosa.
Hoje, como prometido, trago exercícios práticos para implementarmos limites
saudáveis. Porque teoria sem prática é como dieta sem mudança de hábitos:
simplesmente não funciona a longo prazo.
Vamos começar os exercícios:
1) Auditoria da Sobrecarga: Pegue um papel (ou abra as notas do celular) e
durante três dias consecutivos, anote cada vez que você disser “sim” a algo que,
no fundo, gostaria de ter recusado. Seja honesta consigo mesma – aqui não há
espaço para a mulher perfeita, apenas para a mulher real.
Ao final desses três dias, observe os padrões. Para quem você mais se sacrifica? Em
quais contextos? O que te impede de recusar? Nomeie seus medos: medo de
desapontar, de conflito, de ser julgada, de não ser amada o suficiente. Quando
nomeamos, ganhamos poder sobre aquilo que nos controla.
2) Ensaio Mental: Antes de situações em que você tradicionalmente se
sobrecarrega (aquele almoço de família, a reunião de pais da escola, o grupo de
amigos que sempre extrapola limites), ensaie mentalmente como será dizer
“não”. Formule frases curtas, diretas, mas gentis: “Infelizmente não poderei
ajudar desta vez” ou “Isso não será possível para mim agora”.
Lembre-se: você não precisa justificar exaustivamente cada recusa. “Não consigo” ou
“Não está nos meus planos” são frases completas. O excesso de justificativas muitas
vezes vem da culpa que sentimos, como se precisássemos “compensar” nosso limite
com explicações intermináveis.
3) Teste do Espelho: Antes de aceitar qualquer compromisso novo, pergunte-se:
“Se eu estivesse aconselhando minha melhor amiga, ou minha filha, eu
recomendaria que ela aceitasse isso?” É fascinante como somos mais
protetoras e sensatas quando se trata dos outros do que quando se trata de nós
mesmas.
Outro ponto crucial: pratique detectar sinais de esgotamento. Insônia, irritabilidade,
dores de cabeça frequentes, queda de cabelo, problemas digestivos… Nosso corpo
fala, mas geralmente só o escutamos quando ele grita. Como médica especializada em
neurociência do comportamento, posso afirmar: ignorar esses sinais é o caminho mais
curto para o adoecimento crônico.
Estabeleça “zonas sagradas” em sua rotina – períodos intocáveis destinados ao seu
autocuidado. Pode ser meia hora pela manhã para meditar, uma hora à noite para um
banho demorado e leitura, ou sua aula de ioga às terças. Trate esses momentos com o
mesmo respeito que trataria uma reunião importante de trabalho.
O movimento de aprender a dizer “não” não é egoísmo – é autopreservação. É
reconhecer que somos recursos finitos, não máquinas infinitas. É compreender que,
para cuidarmos bem dos outros, precisamos primeiro estar bem.
Na minha experiência clínica com mulheres em situação de burnout, percebi um padrão
alarmante: aquelas que nunca estabeleceram limites claros frequentemente
desenvolvem não apenas transtornos de ansiedade, mas também condições como
hipertensão, alterações hormonais significativas e imunidade comprometida.
Na próxima semana, abordarei como a cultura do “multitarefa” está literalmente
alterando nossos cérebros – e não para melhor. Enquanto isso, experimente estes
exercícios e compartilhe comigo seus resultados. Estou aqui para acolher suas lutas,
celebrar suas vitórias e caminhar ao seu lado nessa jornada de autodescoberta e cura.
Porque você merece mais que sobreviver – você merece florescer!
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Com carinho e cuidado, Dra. Ana Paula Amanajás