Hoje vivemos uma realidade diferente da que estávamos acostumados. Já não é novidade que a pandemia afeta a todas as pessoas do mundo, tenha sido a pessoa infectada pelo Coronavírus ou não. Níveis de estresse vêm aumentado gradativamente à medida que as recomendações de proteção vêm sido discutidas, estendidas ou reduzidas. Hoje, o simples ato de considerar sair de casa, exige ponderação, cuidado e atenção a detalhes. A saúde mental de quem fica quem casa ou sai, pode ser afetada dependendo do contexto de cada um. Uma coisa é fato, a pandemia atual que vivemos deixará marcas na história da humanidade.
A psicologia da pandemia, não é inédita, vários estudos baseados em reações emocionais durante pandemias anteriores levaram a publicações sobre o assunto, como de Steven Taylor, em The Psychology of Pandemics (2019), clarificando e considerando experiências sobre como eventos dessa magnitude afetam padrões de comportamentos e, consequentemente, como isso afeta a maneira como as pessoas poderão reagir numa próxima pandemia. Talvez a maior diferença que temos hoje em dia, graças à ciência e à tecnologia, é de que temos a chance de aprender a desenvolver habilidades para lidar melhor com tudo isso.
A Terapia Comportamental Dialética é uma abordagem psicoterapêutica desenvolvida pela psicóloga norte-americana Marsha Linehan, que inclui em sua estrutura de tratamento, o ensino de estratégias de vida que ajudam pessoas que sofrem emocionalmente de forma intensa, a serem efetivas em regular suas emoções e construir vidas que valham a pena. As estratégias são divididas em grupos que, dependendo do contexto, podem ajudar as pessoas a simplesmente aceitar o momento presente, exatamente como ele se apresenta, mudar a forma como se sentem ou como se relacionam com os outros, bem como simplesmente suportar e sobreviver a dor emocional do momento.
Atualmente, com a crescente onda de angústia causada pelo medo da doença, do futuro e da incerteza, é comum pessoas experimentarem episódios de ansiedade física ou emocional, de terem vivências emocionais equivalentes ao luto, pois, ainda que por uma boa causa, pode ser difícil aceitar que temos que ficar casa e assim limitar nossa liberdade. Em situações como a que estamos experimentando, saber o que funciona para nos acalmar se mostra uma ferramenta indispensável. Tolerar o mal-estar pode incluir me distrair com atividades prazerosas, quando pensamentos negativos invadem minha mente ou talvez me colocar fisicamente ativo, como por exemplo correr ou fazer polichinelos, para contrabalancear minha resposta fisiológica, modulando assim como me sinto. Adicionalmente, estudos científicos sobre Mindfulness e Autocompaixão, como dos Doutores Kristin Neff e Christopher Germer, mostram que ao praticar sermos gentis conosco mesmo, da mesma maneira amorosa como seríamos com um amigo ou com alguém que amamos, ajudam a nos lembrar que estamos todos juntos, passando por esse capítulo da história mundial e que nem todo mundo lida com o medo da mesma maneira. Nossa geração vive um momento único, sem precedentes, e é natural não sabermos exatamente como reagir. Ao mesmo tempo, vale lembrar que depois que a tempestade passa, sempre há a chance de vermos um arco-íris; por mais difícil que tudo isso esteja sendo, ainda há chance de nos tornamos mais resilientes e habilidosos para lidar com intensas emoções. Contudo, se você ou alguém que você ama estiver com dificuldades em lidar com fortes emoções durante essa pandemia, procure um profissional de saúde mental capacitado e lembre de que não precisamos passar por tudo isso sozinhos.
Psicóloga Monique Vardi-Pinheiro – CRP 20/06336
Sócia-fundadora DBT Amazônia
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