A empresária colaborou com a curadoria de pautas e escreveu um depoimento sobre autoaceitação à revista

 

A edição de novembro da Vogue Brasil tem Ju Ferraz como editora convidada. A empresária e comunicadora, que é colunista do projeto Vogue Gente desde 2019, colaborou com a curadoria de pautas da publicação que celebra mulheres livres em seus corpos. Ju Ferraz também assina uma matéria contando sobre a sua relação com o corpo e o movimento body positive. “Foi a luta pela minha autoaceitação que me fez chegar às páginas de uma edição tão especial de Vogue, um lugar que nunca, nem nos meus sonhos mais distantes, sonhei estar, simplesmente porque nunca fui o padrão que imperava nas capas e nas páginas das revistas de moda mundo afora”, abre o texto.

 

Natural de Salvador, na Bahia, ela lembra como começou sua relação de compulsão com a comida e briga com a balança e o espelho. “Eu era uma menina normal, mas que aos olhos dos outros estava ficando gordinha. Para resolver o problema, fui então, aos 11 anos, à primeira consulta com uma nutricionista da minha vida.” Após o trauma com o falecimento do pai, Ju Ferraz conta que passou a comer compulsivamente e ganhou o apelido de Ju Bola, pelo qual foi chamada dos 15 até os 21 anos. Apesar de fingir não se importar, por dentro, os fantasmas foram crescendo: “baixa autoestima, insegurança, falta de feminilidade e muito medo de não ser merecedora de uma vida amorosa feliz e compartilhada”, relata.

 

Após a mudança para São Paulo, Ju Ferraz afirma que teve muitas conquistas na vida profissional e passou a se ocupar para não lidar com as emoções. “Odiava me olhar no espelho (virava quando via um no elevador), não experimentava roupas, fazia fotos atrás de todo mundo para não mostrar meu tamanho real. Durante muito tempo, lutei contra minha imagem, não era feliz naquele corpo, sonhava em ser magra.” Na busca pelo corpo perfeito, a empresária fez diversos tratamentos e passou por várias recaídas, até que teve um episódio de burnout, que enxergou como um recomeço. “Não conseguia me achar bonita, valorizar a minha aparência. Aos poucos, entendi que, no fundo, a busca era pela minha própria aceitação. Só fui perceber a força disso tudo depois que me encarei de frente e enfrentei todos os meus fantasmas”, conta.

 

Após o acompanhamento com médicos, psicólogos e psiquiatras, Ju Ferraz descobriu que tinha distorção de imagem e hoje segue fazendo terapia especializada em distúrbio alimentar, porém se sente mais generosa e livre do julgamento alheio. “A mulher que vivia se escondendo nas fotos e nas roupas escuras e folgadas, resolveu se despir – dos olhares, das minhas vergonhas e inseguranças”, relata. Atualmente, escreve sobre body positive, termo que define como um verdadeiro equilíbrio entre corpo e alma. “Talvez essas duas páginas sejam as mais importantes da minha vida, porque entendi que só sou instrumento de luta e de quebra de padrões. Por isso, deixo aqui um convite para que você também seja feliz, na sua própria pele”, finaliza.