A criança ouve, mas não consegue interpretar os sons.
Confira o artigo com o professor, doutor e especialista em otorrinolaringologia e medicina do sono, Dr. Renato Martins CRM-AM 5935/ RQE 3562 e 3582
Alguém já estigmatizou alguma criança como: preguiçosa, distraída, desinteressada, manhosa e diferente? Esses são alguns adjetivos atribuídos às crianças pelos coleginhas de turma, professores, parentes próximos e, às vezes, até os pais que acompanham as crianças desde os seus primeiros anos de vida e na escola.
Isso, na maioria das vezes, levam os pais a uma certa preocupação com a situação e a suspeita da existência de algum problema de desenvolvimento orgânico por trás do comportamento da criança. A primeira coisa que vem à cabeça é: Será que meu filho(a) tem dislexia, disgrafia ou algum transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)? Isso gera um certo sofrimento e o encaminhamento para inúmeros especialista a procura de algum problema médico.
Os tratamentos aleatórios para cada “mal” diagnosticado resultavam em algumas poucas melhoras no quadro clínico, o qual não evolui de forma satisfatória.
“Quem é mãe pode imaginar a agonia de ver seu filho(a) que não desenvolve o aprendizado, a leitura e a escrita. Os pais cansam de ouvir que seu filho é inteligente, mas ele(a) não consegue evoluir na escrita e na leitura por malandragem”, afirma o Prof. Dr. Renato Martins. O diagnóstico correto vem depois de muita persistência, a criança geralmente é vítima de algum distúrbio do processamento auditivo central (DPAC).
“Os pais chegam a castigar a criança, gerando um trauma com o estudo. A maioria dos professores e dos médicos desconhecem o problema e orientam os pais a serem linha-dura. Isso é muito triste, pois a criança não consegue suprir as suas expectativas. Na maioria das vezes o diagnóstico é tardio e as repercussões escolares negativas são inúmeras. A criança, já quase adolescente, tem que correr atrás do tempo perdido”, afirma Dr. Renato.
O DPAC é um problema reconhecido pela medicina há aproximadamente 25 anos. O transtorno afeta a capacidade de compreensão das crianças. Elas detectam os sons normalmente, mas não conseguem interpretá-los. Ou seja, é como se fossem apenas ruídos. Tais sinais podem ser detectados na pré-escola e na educação infantil, devendo ser do conhecimento dos professores e educadores que lidam com esta faixa etária.
Observação mais criteriosa deve ocorrer naquelas crianças que tiveram problemas no parto, meningites, atrasos motores e de fala/linguagem, déficits auditivos ou visuais, problemas severos de comportamento e história de epilepsia ou traumas cranianos em idades mais precoces. Quando essas crianças são relegadas à própria sorte, a alfabetização não é bem-sucedida, porque elas não entendem o que o professor fala, não são capazes de escrever, interpretar textos e compreender o enunciado dos problemas.
No Brasil, pouquíssimos profissionais da saúde e da educação estão capacitados a lidar com o distúrbio, deixando as crianças reféns da própria incapacidade e do desconhecimento alheio.
A fonoaudióloga, Neodete Körbes, está iniciando seus atendimentos no Núcleo de Atendimento às Crianças com DPAC do Instituto Morpheus, é uma das poucas no Amazonas dedicada a reabilitar crianças com este problema. “Existem muitas crianças subdiagnosticadas com DPAC no Amazonas. Quando chegam ao Instituto Morpheus, a maioria delas passaram por alguma experiência ruim quanto ao diagnóstico, como autista ou TDAH. É uma tristeza, porque são meninos e meninas inteligentes e completamente reabilitáveis”, afirma Neodete.
Segundo a Fonoaudióloga do Instituto Morpheus, os principais sintomas do DPAC são a dificuldade de memória de curto prazo, a falta de entendimento, a pouca concentração e a incapacidade de leitura e escrita. Geralmente, passam por um processo de reeducação e desenvolvem rotas alternativas de aprendizado. A demora no diagnóstico pode gerar comorbidades, como a dislexia, o TDAH e o distúrbio do déficit de atenção. “A abordagem multidisciplinar permite que a criança aprenda a desenvolver mecanismos diferentes e rotas alternativas para driblar seu distúrbio, o que não ocorre com os outros problemas. O tempo de reabilitação, assim como a gravidade do DPAC, é variável”, confirma Neodete.
A exemplo de outros transtornos de desenvolvimento, como o Autismo e o TDAH, os Distúrbios ou Transtornos de Aprendizagem (TA) devem ser detectados precocemente a fim de reduzir, quão cedo possível, as dificuldades e/ou déficits de pré-requisitos cognitivos nestas crianças. “Esta vigilância deve ser rotineira. É inquestionável que as medidas de detecção precoce de inabilidades para a aprendizagem mostram um papel crucial no bom andamento e na motivação desta criança para se empenhar em adquirir competências para se alfabetizar”, afirma o Prof. Dr. Renato Martins.
Estas crianças devem ser encaminhadas para avaliação clínica e interdisciplinar a fim de investigar possíveis causas biológicas e/ou ambientais, iniciando um plano estruturado de intervenção ou remedição.
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