A bela e emponderada psicóloga Wandet Muniz não vê obstáculos em sua vida. Aos 25 anos foi diagnosticada com uma patologia rara e congênita que atinge 8 em cada 100 mil pessoas, chamada: Siringomielia. Ela superou a dificuldade e hoje é uma das maiores referencias de superação e profissionais do Amazonas. Ela bateu um papo com a equipe da Em Visão e contou um pouquinho de sua história pra nós. Confira!

Fale como foi seu diagnóstico? 

Siringomielia no meu caso é uma má formação na transição do crânio vertebral, eu parei de andar em 1990, essa patologia é considerada segundo meus médicos neurológica e não ortopédica. Hoje o que possuo são sequelas dela, foi nesse mesmo ano que recebi o  diagnóstico de tetraplégica. Sou usuária de cadeira de rodas e ressalto que este é o termo correto e não “cadeirante” como muito ouvimos por aí. Tenho dificuldade de locomoção diferente  de uma pessoa  lesionada medular, as quais perdem os movimentos devido a tiro, queda e etc, que geralmente não sentem nada da cintura para baixo, já eu tenho todos os sentidos e movimentos nos membros inferiores, não ando porque  me foi retirada  uma parte do cérebro responsável pelo equilíbrio. Descobri que possuía essa patologia  através de uma ressonância magnética feita em São Paulo para uma cirurgia reparadora de sequelas, na época em Manaus não tinha esse tipo de exame. Após a cirurgia tive várias sequelas, perdi a coordenação motora, não conseguia comer sozinha, pentear meus cabelos, fiquei sem andar durante 6 meses. Fui desenganada pela medicina onde diziam que jamais voltaria a andar, porém hoje consigo dar alguns passos com ajuda de andador e tenho todos movimentos  da cintura pra cima. Mas isso graças a ter começado a fazer fisioterapia 15 dias após ter o diagnóstico da mesma. Então posso dizer que eu era uma pessoa até os meus 25 anos e a partir deles passei a ser outra. 

Por que optou pela Psicologia ? 

Na verdade, não optei por psicologia, em 1997 era raro o curso de Psicologia em Manaus. Prestei vestibular para fisioterapia, mas como acabaria sendo muito difícil fazer o curso, acabei optando por psicologia. Foi por um acaso, hoje eu amo ser psicóloga e  gosto desse  universo de entendimento diferenciado sobre a vida. 

Quando você passou por um momento de transformação de rotina como a psicologia  foi importante na sua vida ? 

Ela foi fundamental, eu queria fisioterapia porque desejava trabalhar com pessoas e estava passando por momentos difíceis, mas a psicologia acabou sendo bem melhor, também trabalho com as pessoas dentro do atendimento, não para que eu possa me entender, mas para ajudar as outras pessoas a passar pelos momentos difíceis. Usei dela para confrontar minha vida pelo o que eu passava, para entender algumas perguntas que me fazia e também crescer como pessoa. 

A psicologia dentro de um conhecimento de teorias  nos dá resposta para muitas coisas na nossa vida, amo psicologia e tenho certeza que eu nasci para ser psicóloga. 

Nos deixe uma lição de vida: 

Ninguém tá preparado para enfrentar uma limitação como foi a minha ou qualquer outro tipo de deficiência. Sou muito determinada,  desde que descobri que a cadeira de rodas  iria fazer parte da minha vida sempre digo que eu não preciso das pernas, eu trabalho com a cabeça, mas digo também que não desistam! Todos nós passamos por obstáculos em nossas vidas, seja qual ela for temos que ter muita fé que tudo dará certo. 

Na verdade a deficiência não é minha, convivo em uma sociedade deficiente, não tínhamos que brigar para fazerem adaptações como rampas, ou cuidados de acessos e etc. A sociedade precisa ser acessível para todos nós, independente de sermos pessoas com deficiência ou não. Então para aquelas pessoas que estejam passando por isso, porque existem as deficiências temporárias e adquiridas permanentes como a minha , digo que  não tenho do que reclamar da vida e sou uma pessoa muito feliz, pois tive a oportunidade de fazer uma faculdade, dirijo com meu carro adaptado, tenho minha autonomia e eu sou mãe! Então não tenho o que reclamar mesmo quando me deparo com as minhas dificuldades, porque a minha maior dificuldade  é a questão do acesso e mais nada. Então é lutar, trabalhar, estudar e fazer com que eu seja respeitada.O curso que fiz me deu muito respaldo para ser a pessoa que sou,  não é fácil ser pessoa com deficiência, ainda mais em nosso país aonde as leis  existem, mas a maioria não funcionam. 

Psicóloga Wandet Muniz