Pesquisadores apontaram que indivíduos na faixa dos 40 anos que costumam andar devagar apresentam maior risco de falhas cerebrais.

São Paulo – O hábito de caminhar lentamente pode ser uma atividade de prazer para a grande maioria das pessoas, mas profissionais da área da saúde de diversos países – entre eles, Estados Unidos e Londres -, podem ter descoberto uma ligação entre a atividade e alguns problemas relacionados com a saúde física e cognitiva do ser humano.

Cientistas especializados em neurologia e hábitos comportamentais dos indivíduos, de diversos países, estudaram por um longo tempo cerca de 900 indivíduos nascidos na Nova Zelândia e perceberam que, entre os estudados, os indivíduos na faixa dos 40 anos eram os que tinham maior costume de andarem devagar e, consequentemente, também foram os que apresentaram maiores chances de um envelhecimento biológico mais acelerado, além da perda das funcionalidades do cérebro mais cedo.

O biomédico Line J.H. Rasmussen, representante da Universidade Duke, dos Estados Unidos, disse em comentário no estudo que é uma surpresa esse quadro clínico estar mais relacionado com pessoas na faixa dos 45 anos do que pacientes idosos, que são frequentemente avaliados com os problemas citados acima. Como base, Rasmussen e o resto da equipe utilizaram um estudo de cinco décadas atrás, que analisava a mesma coisa, porém utilizando um recorte de 1.000 crianças até os três anos de idade.

Nessa nova pesquisa, os 904 participantes estudados foram que ainda estão vivos, de forma que todos estão com entre 40 e 45 anos. Para testá-los, a equipe pediu que caminhassem na velocidade em que estão acostumados, e a mediram de diferentes formas. Entre os 19 biomarcadores utilizados para medir a atividade física, estavam os índices de pressão sanguínea e a qualidade da saúde bucal, além do estudo dos cérebros por meio da ressonância magnética.

Os resultados demonstraram que os indivíduos de meia-idade com caminhada lenta estão mais propensos a ter funções físicas com falhas, envelhecimento mais acelerado, e uma deterioração do cérebro mais evoluída. Os autores, em consenso científico, escreveram que os indivíduos que demonstraram maiores problemas no cérebro já haviam sido apontados com isso desde a primeira análise, anos atrás. “Notavelmente, em nosso estudo, a velocidade da marcha foi associada não apenas ao funcionamento neurocognitivo simultâneo na idade adulta, mas também ao funcionamento neurocognitivo na primeira infância”, informaram.

Stephanie Sudenski, pesquisadora de medicina geriátrica da Universidade de Pittsburgh, acredita que o estudo possa abrir novas portas para uma compreensão mais avançada do cérebro humano. “Se pudermos aprender a entender a natureza dos elos que este estudo de quase cinco décadas parece mostrar, poderemos influenciar positivamente fatores sociais que podem aumentar a longevidade biológica e a função neurocognitiva, além de ajudar a deter o declínio cognitivo”, disse, em comentário no estudo.

Fonte: Exame.com