Foto: Jerême/ Mathilde Garro Lapouge

Gilles Lapouge, o escritor do Brasil

Correspondente do ‘Estadão’, que morreu aos 97 anos, escreveu cinco livros sobre sua experiência no País

 

O jornalista francês Gilles Lapouge, correspondente do Estadão em Paris que morreu aos 96 anos, viveu por muitos anos no Brasil e a experiência e a saudade do País resultaram em pelo menos cinco dos cerca de 25 livros que escreveu ao longo de sua trajetória.

O mais recente a ser publicado, durante a pandemia, foi Noites Tranquilas em Belém. O romance de 2015 foi lançado agora pela Pontes Editores que tem, ainda, em catálogo, Equinociais: Viagens Pelo Brasil dos Confins, publicado originalmente em 1977 e, no Brasil, em 1990.

Noites Tranquilas em Belém é um livro multifacetado em que as culturas brasileira e francesa se mesclam num jogo de complementaridade. A vida do narrador se transforma do dia para a noite e um quebra-cabeça começa a ser montado com as peças que lhe são fornecidas pouco a pouco. Trata-se da busca da própria identidade e tudo o que se constrói a partir dela: amores, memórias e projetos. E, nessa busca, longe da França, pelas ruas, mercados e favelas de Belém, ele é guiado pelas mãos de uma criança.

Em Dicionário dos Apaixonados pelo Brasil, lançado em 2014 pela Amarylis e em 2011 na França, Lapouge faz sua crônica do País a partir de palavras e nomes como acolhida, favela, escravos, Palmares, literatura e antropofagia, Rio Amazonas e Jorge Amado.

A Missão das Fronteiras, de 2002 e que saiu pela Globo em 2005, parte da aventura rocambolesca de uma tropa de soldados brancos e mamelucos encarregada de levar um marco de três toneladas para a fronteira mais ocidental da América portuguesa, nos confins da Amazônia, no século 18.

Em 2000, o Estadão publicou a versão digital, a única disponível e com acesso gratuito, de Au revoir l’Amazonie, com tradução de Lauro Machado Coelho.

Os interesses de Gilles Lapouge iam além do Brasil, seus personagens e suas contradições, e sua obra, de ficção e não ficção, foi traduzida para diversos idiomas.

Ele estreou na literatura no final dos anos 1960 com Os Piratas: Piratas, Flibusteiros, Bucaneiros e outros Párias do Mar (Antígona, 1998), em que trata da pirataria como a revolta mais extrema e longeva que a humanidade conheceu. Em 1987, saiu na França e no Brasil (aqui pela Nova Fronteira) A Batalha De Wagram, sobre o confronto do exército de Napoleão Bonaparte com o austríaco em 1809. Mais recentemente, publicou, em seu país, Contribution à une Théorie des Climats e Atlas des Paradis Perdus.

 

Fonte: O Estado de São Paulo

Compartilhe

Artigos Relacionados