Cena de "Romana", da produtora Helen Lopes (TO), indicado na categoria "Curta-Metragem da Região Amazônica". Crédito: Divulgação.

Festival de cinema online quer inserir e valorizar negros e negras da Amazônia no audiovisual

Discutir o racismo através do audiovisual e valorizar a produção de cinema realizada por afro-brasileiros, sobretudo da Região Amazônica, são os objetivos do II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus. O evento será on-line e ocorrerá entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro de 2020. Esta edição tem como grande homenageada, a diretora de cinema e atriz Rosilene Cordeiro.

A programação inclui debates, premiação e exibição de filmes, tudo de forma virtual, pelo site www.todesplay.com.br e pelas redes sociais. A abertura será feita através de live, no Facebook e Instagram do Cine Diáspora, com a exibição do filme, “Princesa do Meu Lugar” de Pablo Monteiro (São Luís/MA) e homenagem à Rosilene Cordeiro da Conceição, que é professora de teatro, diretora, performer, atriz, produtora e colaborou com o curso de Licenciatura em Teatro da Escola de Teatro da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (Etdufpa/UFPA).

 

Equipe do Festival

 

Nesta edição, 135 produções foram recebidas, sendo 56 (41,48%) da Região Amazônica e 79 (58,52%) de outras regiões do país. Desses, 21 filmes de cineastas amazônicos foram escolhidos e irão concorrer ao prêmio Zélia Amador de Deus nas categorias: Clipe da Região Amazônica; Projeto para Web da Região Amazônica; e Curta-Metragem da Região Amazônica. Na categoria Curta-Metragem Nacional, 27 filmes estão na disputa (veja a lista completa abaixo).

A ideia da segunda edição do festival era repetir o formato da primeira, que ocorreu em novembro de 2019, e recebeu 107 filmes de todo o Brasil – a maioria da Região Amazônica, com 14 pontos de exibição nas periferias da Grande Belém. Entretanto, por causa da pandemia da covid-19, o evento presencial precisou ser suspenso, mas seguirá on-line. O Festival Zélia Amador de Deus contribui diretamente na renda de 24 profissionais, todos negros e, a maioria, da periferia da capital.

“O II Festival Zélia Amador de Deus parte de uma construção coletiva feita a partir de uma reunião de amigos artistas, cineastas e produtores culturais negros, que sentem em suas vidas a importância do cinema, o percebem como instrumento de mudança de mentalidades, incentivando práticas antirracistas e de valorização da produção artística afrodiáspórica e africana”, conta Fernanda Vera Cruz, da curadoria e produção da iniciativa.

Acessibilidade – Partindo da crença do potencial transformador do cinema e visando a ampliação do entretenimento, o Festival de Cinema Negro também terá uma sessão especial destinado a pessoas com deficiência auditiva e surdos. Para isso, a organização selecionou duas produções de diretoras negras na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). Trata-se das obras Blackout, de Rossandra Leone (RJ), e Seremos Ouvidas, de Larissa Nepomuceno (PR).

O projeto – O Festival homenageia a professora, atriz, diretora de teatro e ativista Zélia Amador de Deus. “Zélia é uma das fundadoras do Cedenpa (Centro de Estudo e Defesa do Negro no Pará) e grande referência na luta contra as opressões que mulheres e homens pretos sofrem. Nós acreditamos na frase ‘nossos passos vêm de longe’, ou seja, estamos aqui produzindo cultura negra na Amazônia porque o Cedenpa existiu. Reconhecemos sua importância na luta quilombola, pelas políticas de ações afirmativas e contra o racismo”, explica Lu Peixe, da coordenação do Festival.

O II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus é uma realização da produtora audiovisual Cine Diáspora e tem o apoio do Prêmio Preamar de Cultura e Arte da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

Serviço – II Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus ocorrerá entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro via www.todesplay.com.br e Instagram (@cinediaspora) e Facebook (/cinediasporapa).

Indicados por categoria:

Clipe da Região Amazônica

– Estorvo – Mc Super Shock por Saturação (Macapá/AP)
– Batidão – Enme por Jessica Lauane (São Luís/MA)
– Pretinha – Taslim por Nádia D’Cassia (São Luís/MA)
– Eu sou Tambor – Vanessa Mendonça (Belém/PA)
– Retomada Ancestral – Vanessa Mendonça (Belém/PA)
– Pesadelos – Bruna BG por Anna Suav (Belém/PA)

Projeto para Web da Região Amazônica

– Enme No Corre – Enme Paixão (São Luís/MA)
– AfricAmazônia – Amérika Bonifácio (Icoaraci-Belém/PA)
– Teia de Aranha – Emily Cassandra Bonifácio (Belém/PA)
– Medo de Travesty – Attews Shamaxy (Ananindeua/PA)
– Turva Preamar Marejante – Samily Maria (Belém/PA)

Curta-Metragem da Região Amazônica

– Brilhos Apagados – Nilce Braga (São Luís/MA e Buenos Aires/ARG)
– Quedaria – Brenna Maria (São Luís/MA)
– Sobre Aquilo que Fica – Thais Sombra (Belém/PA)
– Mametu Muagile Rainha de Angola – Elizabeth Leite Pantoja (Belém/PA)
– Que Liberdade é Essa? – Sol Oliver (Belém/PA)
– A Sússia – Lucrécia Dias (Arraias/TO)
– Romana – Helen Lopes (Natividade/TO)
– Minguante – Maurício Moraes (Belém/PA)
– Traçados – Rudyeri Ribeiro (Belém/PA)
– São Geraldo – Homem de Música e Planta – Keila dos Santos (Manaus/AM)

Curta-Metragem Nacional

– Blackout – Rossandra Leone (RJ)
– Alfazema – Sabrina Fidalgo (RJ)
– 111+ – Ivaldo Correa (RJ)
– Um Grito Parado no Ar – Leonardo Souza (RJ)
– Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé – Janaina Oliveira Refem e Rodrigo Dutra (RJ)
– A Cama, o Carma e o Querer – Daniel Fagundes (SP)
– Alforria Social Beat – Rodjéli Salvi (SP)
– Minha Deusa e Eu – Gabrela Vieira (SP)
– Barco de Papel – Thais Scabio (SP)
– Dádiva – Evelyn Santos (SP)
– Aurora – Everlane Moraes (SP)
– Corre – Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo (SE)
– Filhas de Lavadeira – Edileuza Penha de Souza (DF)
– Pernambués – Quilombo Urbano de Lúcio Lima (BA)
– Adventício – Abdiel Anselmo (CE)
– Live – Adriano Monteiro (ES)
– Rio das Almas e Negras Memórias – Taize Inácia Thaynara Rezende (GO)
– Nove Águas – Gabriel Martins e Quilombo dos Marques (MG)
– Reflexo Reverso: O Outro em Branco – Fernanda Thomaz (MG)
– Banho de Flor – Hiura F. (PB)
– Seremos Ouvidas – Larissa Nepomuceno (PR)
– 2704 km – Letícia Batista (PE)
– Notícias de São Paulo – Priscila Nascimento (PE)
– Os Verdadeiros Lugares Não Estão no Mapa – João Araió (PI)
– Por Gerações – Leila Xavier (RJ)
– Encruza – Bruna Andrade, Gleyser Ferreira, Maíra Oliveira e Uilton Oliveira (RJ)
– Por Trás das Tintas – Alek Lean (RJ)

Filmes Convidados

– Princesa do Meu Lugar – Pablo Monteiro (São Luís/MA)
– O Nikse é Que Nos Socorre – Weverton Ruan Vieira Rodrigues (Belém/PA)

Compartilhe

Artigos Relacionados