Fazer o bem para ajudar, sem pretensões políticas, de bom coração e pensando sempre no amor ao próximo. O mundo precisa mesmo é de pessoas assim: admiráveis! Nem todo o dinheiro do mundo compra o sorriso de uma criança, um sincero muito obrigado e o brilho no olhar de quem apesar de não ter nada, tem tudo, muitos sonhos. Valores familiares consolidados fazem toda a diferença em nossa formação, um exemplo disso é esse paulistano de 24 anos que desde bem pequeno aprendeu a importância do valor social acima do material. Ao invés de se acomodar e somente reclamar dos problemas do mundo, teve atitude e fez a sua parte! Felipe Sollito Muniz Ventura é um verdadeiro exemplo de cidadão. Formado em Comunicação Social pela ESPM-SP, faz o bem sem olhar a quem com seus inúmeros projetos sociais e diz que apesar de toda a ajuda que a filantropia proporciona aos mais necessitados, quem acaba ganhando mesmo é quem ajuda, essa sensação não tem preço. Em sua infância viveu momentos conturbados, passou seis meses em uma cadeira de rodas devido a um tombo. Viveu na pele os momentos que os deficientes físicos vivem! Superou esse obstáculo e hoje utiliza essa vivência como um incentivo ainda maior para ajudar quem precisa. Completando 10 anos de seu projeto Corrente do Bem e tendo estreado recentemente o Programa Geração, ele diz já ter palestrado para mais de 45 mil estudantes sobre a importância da inclusão social. Confira essa linda trajetória filantrópica:
Qual foi o seu maior incentivo para iniciar ações filantrópicas?
Desde pequeno meus pais sempre me mostraram outras realidades para que eu desse valor a tudo que eu tinha. Sou filho único, seria muito fácil eles me acostumarem sem limites, mas a minha educação foi exatamente o contrário, ouvi muito mais ‘’não’’ do que ‘’sim’’, e com certeza isso me fez o ser humano que sou hoje. Aprendi desde pequeno a importância de ser feliz não com coisas materiais, e sim por ser uma pessoa com saúde, que tinha uma família que me amava, que trabalhava para conquistar os seus sonhos. Como minha mãe costuma dizer: ‘’A melhor forma de educar um filho é através do exemplo’’, e foi assim que fui educado. Nossa loja em São Paulo acabou focando o mercado de luxo, mas há 30 anos atrás o primeiro evento que fizeram foi uma ação social, com a venda revertida para uma instituição carente. Saber se doar, ser grato e respeitar o próximo é um exercício diário. Cresci dentro de uma família com esses princípios que passam de pais para filhos, e acho que não tinha como esse meu envolvimento ser diferente. Uma educação baseada em valores não tem época, não sai de moda, meus avós maternos já levavam minha mãe e tias para doar roupas e brinquedos em um orfanato. Meu avô Wilson sempre foi meu grande incentivador, e sempre procurava me estimular a doar uma quantia cada vez maior. Os pais de hoje precisam retomar esse olhar simples para a vida, entender a importância da família na formação de seres humanos melhores.
Você acredita que o mundo de hoje em dia se preocupa mais em ajudar o próximo?
Acredito que aos poucos o mundo começa a entender a importância do trabalho voluntário e da solidariedade. Eu sou um jovem como todos os outros, vou para balada, fiz “mochilão” com meus amigos, mas arranjo tempo para fazer o bem para as pessoas, dar uma palavra de carinho, dar amor e atenção. Nós jovens precisamos nos mobilizar se queremos ter um mundo melhor. Não podemos ficar acomodados só cobrando dos nossos políticos, temos que fazer a nossa parte, retomar estes valores de cidadania, tão esquecidos pela nossa sociedade. Esta luta é de todos nós. Se não podemos mudar o mundo todo, podemos mudar o mundo de uma pessoa.
Que tipo de filantropia mais se identifica?
Nesses meus 16 anos envolvidos com o terceiro setor, conheci vários tipos de ONGs, projetos e instituições que realizam trabalhos incríveis. Eu sou voluntário da AACD faz muitos anos, mas gosto de me envolver com pessoas do bem, que dentro dos seus limites fazem o que podem para melhorar o mundo a sua volta. A sensação é sempre maravilhosa, sempre digo que quem mais recebe ao fazer um trabalho voluntário é a própria pessoa que faz. Os valores que exercitamos funcionam em nossas vidas, não nos momentos em que falamos ou escrevemos sobre eles, mas nos momentos em que decidimos e agimos, a vivência no nosso dia-a-dia deve ser tão convicta que contagie as pessoas que ao nos ver vivendo-os, tenham o mesmo desejo de vivê-los e de experimentá-los. Me envolvi recentemente em um leilão para ajudar o GRAACC, me apaixonei pelo Projeto Novos Sonhos (que atende crianças da região da Cracolândia), e pelo Instituto PROF (uma ONG que ensina e profissionaliza crianças da Paraisópolis), e algumas outras causas como a Casa Hope, o AC Camargo, a APAE de SP, a Orientavida, a ADEVA, a Liga Solidária, o Make a Wish e a Dorina Nowill. Ao frequentar lugares como esse, começamos a dar valor para tudo que temos dentro de casa, as pequenas coisas do dia-a-dia. Receber em troca o carinho e o amor de tantas pessoas é o maior presente.
Qual foi o momento mais marcante e emocionante de sua vida?
Quando tinha 10 anos, levei um tombo durante uma brincadeira com minhas primas, quando fui levantar do chão não conseguia sentir minhas pernas, tive uma lesão medular. Fiquei seis meses em uma cadeira de rodas, paraplégico. Isso aconteceu uns três anos depois que comecei a ajudar a AACD, por destino tive que passar o que todos os deficientes vivem. Nunca achei que seria para sempre, mas, ainda assim, foi uma época muito dura principalmente para meus pais. As pessoas nos olham com pena, discriminação. Passei por vários médicos, mas graças a Deus, acredito que por eu ajudar tantas pessoas, e tentar sempre amenizar a dor do próximo, recebi uma ajuda lá de cima, e um dia sem explicação levantei, nunca mais tive nada. Quando se vive uma coisa assim, percebe-se que pode acontecer com qualquer um, o quanto somos frágeis. Vejo diariamente muitos casos na AACD causados por bala perdida, acidentes de carro e até pranchas de surfe. Ao voltar a andar, só tive mais vontade de fazer algo maior, foi quando fui convidado para liderar a campanha – Corrente do Bem, um projeto social em escolas e universidades de todo o Brasil com o objetivo de humanizar, sensibilizar e conscientizar jovens e crianças quanto à importância da inclusão social. Já arrecadamos cerca de R$ 3,5 milhões em 10 anos. O objetivo principal dela é desenvolver os conceitos de cidadania, somado ao espírito de solidariedade e respeito a qualquer tipo de diferenças. Ao longo desse período viajei para 7 estados do Brasil e já falei para mais de 45 mil estudantes. Logo no primeiro ano vencemos o Prêmio Marketing Best de Responsabilidade Social. Me sinto privilegiado de estar, aos poucos, formando uma nova geração.
Fazer o bem para você é:
Para fazer o bem basta querer. Não precisamos começar com uma grande ação, mas sim começando dentro da nossa casa, da nossa escola, do nosso bairro. Conheço muita gente que fala coisas do tipo “adoro o trabalho que você faz” ou “ano que vem me lembra que trago umas moedas”, mas durante o ano todo não fazem nada. Faltam iniciativas e atitudes, duas coisas que sempre tive quando o assunto era esse. Quero ser uma inspiração para as pessoas, já que vivemos em um mundo tão individualista e materialista. Foi daí que tive a ideia de lançar o meu programa chamado Geração, – (www.programageracao.com.br), que quer dizer, gerar uma ação e de ser uma nova geração. Lanço debates, questiono paradigmas para promover mudanças sociais. Além disso, investigo e divulgo exemplos e práticas que inspiram, incentivam a mudança de mentalidade e convidam à reflexão e à revisão de conceitos e preconceitos. O Geração foca na mudança de comportamento da sociedade, buscando uma conscientização de valores e não assistencialismo puro. Fiz um evento com o Gilberto Dimenstein, onde arrecadei mais de R$ 30 mil que foram destinados a crianças que precisavam trocar órteses, próteses e cadeiras de rodas.
Para você como seria um mundo melhor?
Um mundo de igualdade, onde todas as pessoas se respeitassem e se tratassem da mesma maneira. Além de sonhar o dia em que todos estejam engajados em fazer o bem. Essa transformação social a partir do trabalho voluntariado, promove a cidadania e estimula o desenvolvimento de uma sociedade participativa e praticante dos valores humanos, que estão em nossa essência, como compaixão, fraternidade, solidariedade, justiça e tolerância. Só assim contribuiremos para um mundo com menos contrastes sociais. As pessoas precisam compreender que a diversidade existe e como tal deve ser respeitada, ela nos traz riquezas de informações e de experiências. Podemos aprender muito com as diferenças. Ao invés de criticá-las, devemos dar-lhes o devido valor.
Um sonho que ainda não realizou:
Tenho um grande sonho de conhecer todos os Teletons pelo mundo. Hoje ele acontece em mais de 20 países, e poder um dia aprender com cada um deles uma maneira de tocar o coração das pessoas, seria um grande presente. Já conheço o do Uruguai, quando entrei na unidade pensei que meu coração fosse explodir de felicidade, é bom demais encontrar pessoas lutando pelos mesmos objetivos com o mesmo amor e paixão que eu faço no Brasil. Me faz muito bem ver pessoas que buscam a mesma mudança no mundo que eu acredito.
O que te faz feliz atualmente?
Sou uma pessoa fácil de fazer feliz. Estar com a minha família, principalmente com minha avó Marlene, com meus amigos, e assistir aos jogos do Corinthians, e ver ele ganhar, claro! (risos) São coisas que adoro. Viajar também é um hobby, principalmente quando consigo visitar novos projetos sociais.
Felipe Ventura x Felipe Ventura
Uma pessoa que ao invés de reclamar, faz a sua parte naquilo que acredita ser capaz de construir uma nova geração. Que assumiu um compromisso com a realidade em que vive, e se tornou responsável por ele. É um elo forte de uma corrente de amor e de solidariedade, que tem uma satisfação enorme ao saber que por onde passa com seu exemplo, toca a consciência das pessoas, as torna mais humanas e solidárias. Quando nos envolvemos com a dor do outro aprendemos a ser mais humildes, simples, passamos a dar valor aquilo que realmente merece.