Naldo Oliveira de Lucena

Naldo Oliveira de Lucena - Foto: William Rezende.

Dom de cuidar

Infectologista Noaldo Oliveira de Lucena fala sobre sua relação com a Medicina, carreira que sempre esteve em seus objetivos.

 

Dedicar sua vida a cuidar do próximo. Desde jovem, essa missão sempre foi abraçada pelo médico Noaldo Oliveira de Lucena, que nunca teve dúvidas sobre seguir a carreira de Medicina. Há 32 anos, o especialista em Infectologia busca zelar pela saúde das pessoas e aliviar a dor alheia.

Formado em Medicina desde 1989 pela Fundação de Ensino Superior de Pernambuco, Lucena pontua que sempre quis diagnosticar, tratar e curar pessoas doentes e, por isso, correu atrás da graduação, mesmo já sendo bacharel em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco à época. Coincidentemente, foi graças à atividade como dentista que decidiu optar pela especialidade médica dedicada ao estudo das doenças causadas por diversos patógenos.

“Trabalhava como dentista há alguns anos e, naquele tempo – início da epidemia do HIV –, os famosos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como luvas, óculos, capote, não eram usados e mantínhamos contato direto com saliva e sangue constantemente. Foi quando um paciente me relatou ter testado positivo para HIV, vírus da imunodeficiência humana. Foi um momento difícil. Naquela época, era uma ‘sentença’ de morte que, graças a Deus, ficou para trás. Daí passei a fazer sequenciais por um ano até comprovar que não tinha
contraído o vírus”, detalha.

Atualmente, Lucena é médico assistencial da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), na área especifica de HIV/AIDS, e também Diretor Técnico da Clínica Biomedicinal – espaço inaugurado em outubro do ano passado que faz parte do grupo Bioexata e conta com especialidades médicas e serviços laboratoriais –, onde faz vários ambulatórios em IST/AIDS e Profilaxia pré-exposição sexual (PreP). O infectologista afirma que, houve muitos avanços científicos relacionados ao HIV ao longo dos anos, como medicamentos bem mais eficientes e menos tóxicos, o que o transformou em uma condição crônica de saúde, ou seja, com um bom tratamento, o ciclo de transmissão do vírus pode ser interrompido.

Por outro lado, o preconceito contra pacientes com HIV ainda marca presença, o que interfere no diagnóstico e no tratamento. “Hoje, há muitos avanços, mas, infelizmente, o que ainda mata muita gente é essa ‘doença’ insidiosa chamada preconceito. Por conta disso, as pessoas acabam tendo receio de fazer os testes para saber se têm ou não HIV, o que atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o acesso ao tratamento”, explica.

Naldo Oliveira de Lucena
Naldo Oliveira de Lucena – Foto: William Rezende.

Informação

Procurar conhecimento é essencial para combater as doenças infecciosas. Segundo o médico infectologista, a informação é vital até mesmo para acabar com os estigmas da sociedade contra as doenças sexualmente transmissíveis.

“A sociedade brasileira ainda é muito conservadora e vive uma ‘dupla moral’ assustadora, o que, por si só, facilita a disseminação das infecções sexualmente transmissíveis”, aborda.

O infectologista afirma que a internet trouxe uma maior capacidade de comunicação entre as pessoas, mas é necessário ter cuidado com as informações falsas. “Sempre bom procurar sites oficiais ou científicos. Acreditamos que a internet tem a capacidade de ‘democratizar’ a informação, mas é sempre bom saber como filtrar isso. Informação de qualidade é o ponto de partida para desestigmatizar diversas doenças”.

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