Frequentemente nós adultos associamos a ideia de brincar à presença de um ou mais objetos (mesmo que sejam imaginários):  brincar de comidinha tem panelinhas, de médico tem estetoscópio, de cavaleiro tem espada…, ou ainda, que para brincar precisamos de algo externo ao nosso corpo: brincar com brinquedos,  com água, com terra, e assim por diante.

Acontece que, para as crianças, isso não necessariamente é verdade e, especialmente para as mais novas, que estão descobrindo o próprio corpo e como controlá-lo, só o fato de se movimentarem já é uma grande brincadeira.

Você já se perguntou por que o tradicional “serra-serra” é diversão garantida para qualquer criança? Por que elas gostam de serem rodadas, “jogadas” para cima? E por que, para elas, é mais legal correr e pular (embora a gente sempre peça para elas “correrem mais devagar”, kkk)?

Em primeiro lugar, brincar para a criança significa explorar, satisfazer suas curiosidades, e, muitas vezes, testar seus próprios limites (o famoso “o que acontece se …?”). E para uma criança que ainda não tem total controle do seu próprio corpo, qualquer movimento é um prato cheio realizar testes.

Para os bebês brincar pode ser tentar levar a mão (aquele “objeto”estranho que ele ainda não sabe que faz parte dele) à boca. Para os maiorzinhos pode ser conseguir ficar em pé sozinho. Para os mais velhos, equilibrar-se em cima de um tronco de árvore e por aí vai… E nesses momentos, a atenção sobre o próprio corpo, sobre a tarefa que estão tentando desempenhar é o que irá ajudá-los a serem bem sucedidos, e a melhorarem a percepção sobre eles mesmos.

Mas você já reparou como muitas vezes, sem perceber, interrompemos esse tipo de brincadeira (talvez por não reconhecermos como uma)?. Para os bebês, oferecemos chocalhos distraindo-os das próprias mãos, para os mais velhos pedimos para pararem o que estão fazendo (como pular no sofá) e irem brincar de “alguma coisa”. Ok, também não deixo meu filho pular no sofá, mas será que não podemos descobrir outra forma dele conseguir “brincar de pular” sem que tenha a possibilidade de se machucar? Afinal esse tipo de brincadeira também é importante para ele.

Além disso, o movimento é a forma pela qual a criança se expressa no mundo, é a sua primeira forma de linguagem. É, também, o modo pelo qual ela conhece o mundo (sim, especialmente quando pequena, ela precisa “ver com as mãos”), assim como o próprio corpo, porque cada atividade gera sensações diferentes: pular é diferente de girar, que é diferente de balançar e assim por diante. Quem já foi numa montanha russa sabe que não é a mesma coisa do que ir no carrossel, certo?

Resumindo:

Vamos brincar mais com o movimento! Permitir, incentivar que nossos filhos façam isso (e se pudermos fazer junto com eles melhor ainda!). Explorar todas as possibilidades e sensações que o nosso corpo nos permite. Além de saudável pode ser extremamente divertido.

Por Ale Palazzin e Graziela Faelli, fisioterapeutas e autoras do blog Tempo Mágico Photo Credit: evilpeacock Flickr via Compfight cc

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