Por Márcia Rebeca.
Uma Unidade de Conservação no meio da Floresta Amazônica, entre os municípios de Novo Airão e Barcelos. Estou falando do imenso e majestoso Parque Nacional do Jaú.
A primeira vez que eu pisei na Base Carabinani, a base do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que é a porta de entrada do Parque, foi em 2020. E ali eu já senti que nossa relação seria longa.
A base fica a quase 130km de Novo Airão e chegar até lá já é uma viagem. Ao longo do caminho percorremos outro belo Parque Nacional, o Parque Anavilhanas. São praias (no período da vazante), florestas de igapó e uma fauna exuberante, que seguem acompanhando até a base. Lá é feita a apresentação de identificação e da liberação para visitar o parque pelos próximos dias. Sem ela a aventura acabaria ali.
Dessa vez o tempo de parada na Base Carabinani foi mais longo, tudo porque lá estava ancorado um barco de pesquisadores. E eu aproveitei para conhecer por dentro. Eles estavam fazendo coleta de informações sobre os quelônios da Amazônia e já tinham navegado pelo Jaú, por Anavilhanas e pelo Unini (que ainda não conheço). No final da expedição eu ainda teria uma experiência única do trabalho que é desenvolvido na base. Eu e o grupo seguimos viagem.
Paramos na base da CPRM (o Serviço Geológico do Brasil) para fazer uma divisão de barcos. Precisávamos de barcos mais leves para seguir viagem por entre as corredeiras do Rio Carabinani. Nosso objetivo era acampar na base da Pedra do Gavião. Mas a cheia recorde do Rio Negro não permitiu. Acampamos no entorno, já que voltar estava fora de cogitação, afinal eu queria fazer a trilha para a cachoeira. Se dormíssemos na base da CPRM não ia rolar a trilha por conta do tempo.
Dormir na mata foi bem legal e o banho na ilha de rocha que forma a base da Pedra do Gavião foi lindo. Só não foi mais lindo que deitar e olhar o céu super estrelado. Das vantagens de se estar na floresta. No dia seguinte acordamos cedo e era hora de caminhar pela floresta até chegar a Corredeira Guariba. Uma potente corredeira que aparece no meio do Rio Carabinani quando da vazante dos rios que compõem a Calha do Rio Negro. Depois de aproveitar bastante, nosso guia nos levou de barco até a entrada da trilha da Cachoeira do Itaubal, uma trilha que integra as trilhas do Mosaico do Baixo Rio Negro. A Cachoeira do Itaubal é uma das preciosidades que só pode ser vista durante a vazante dos rios. uma queda d’água que parece delicada, mas é forte, formando um poço com uma prainha. Na área da cachoeira fazemos a pausa para o almoço, em uma estrutura montada pelos monitores do parque.
Outra trilha que fiz, nos dias que passei no parque, foi a trilha para uma grande Samaúma e também para ver o Senhor da Mata, uma das belas árvores que temos no parque, o Macucu.
Mas o ponto alto estava no dia que acordamos bem cedinho, o objetivo era acompanhar a equipe de brigadistas e voluntários do ICMBio na coleta de ovos de quelônios. Esse é um importante trabalho realizado por essas pessoas e que visa a preservação das diversas espécies de quelônios da Amazônia. Eles coletam os ovos todas as manhãs, bem cedinho (as tartarugas botam os ovos a noite, na praia) e os levam para um bercário, onde são mantidos até o nascimento. Quando nascem vão para um tanque até o evento de soltura das tartarugas. O trabalho dos brigadistas é pela preservação das espécies para que os ovos não sejam objetos da caça predatória do homem. Foi muito legal ver de perto esse trabalho e aprender a identificar o que era pegada de quelônio e o que era pegada de jacaré e a coleta foi feita somente pelos brigadistas.
A volta foi parando nas praias de Anavilhanas. Foi especial ver as praias mais uma vez, com areia branquinha e as águas da cor do guaraná, bem quentinhas. No Porto de Novo Airão começou a viagem de regresso. Eu e o grupo embarcamos em um barco regional e navegamos por uma noite, até voltarmos a Manaus.
Já estou pronta para ir de novo, no verão deste ano. Bora comigo?