Brincar é um direito de todas as crianças, mas não necessita de ser um prazer solitário. É possível, e até aconselhável que pais e filhos brinquem em conjunto, desde que sejam observados alguns preceitos. Saiba como participar nas brincadeiras do seu filho e tenha sempre um parceiro disponível para a diversão.
Respeite as escolhas da criança
Afinal a brincadeira é do seu filho, há que respeitar as escolhas que ele fizer em termos de jogos, passatempos, etc. Claro que a supervisão parental é fundamental para garantir a integridade física e mental dos filhos quando brincam, mas ainda assim, e respeitando todos os parâmetros de segurança, deve deixar-se a criança escolher a brincadeira.
Brincar com a criança não implica brincar em vez da criança. Aquilo que você considerava muito divertido quando tinha a idade do seu filho, pode não ter nada a ver com a realidade dos tempos de hoje. Permita que seja ele a escolher a brincadeira e terá ótimos momentos de diversão.
Não assuma o papel de líder
A hora da brincadeira não deve ser vista como mais uma oportunidade para você afirmar as suas regras de progenitor. Brincar é brincar. O seu filho só encontrará verdadeiro prazer em partilhar as brincadeiras consigo, se sentir que estão em pé de igualdade nesse momento. É óbvio que não devem ser permitidas faltas de respeito, nem agressões verbais ou físicas, mas é muito importante que a criança experimente o à vontade de poder brincar com os pais de forma livre, e natural. Procure ser um parceiro de brincadeira, e não apenas um orientador. Deixe de lado o seu papel formal de educador e formador, e procure encontrar de novo aquela sensação gostosa de brincar, só porque sim.
Saiba acompanhar a velocidade dele
As crianças não agem da mesma forma que os adultos. Os adultos concentram-se numa tarefa, dedicam-se a ela, e só a colocam de lado após estar concluída. Não espere que o seu filho aja de igual forma enquanto brinca! As crianças mudam de brincadeira com a mesma velocidade com que respiram.
Esteja preparado para passar por vários jogos, por vários filmes, por diferentes conversas, tudo a uma velocidade superior à da luz. Adeque o seu ritmo ao ritmo alucinante do seu filho, e esqueça por instantes a rigidez, e compostura da sua própria vida. Reencontre-se de novo com a pessoa solta e livre que você já foi um dia.
Não leve a brincadeira a sério
Encarar as brincadeiras com o seu filho como sendo apenas brincadeiras, é uma excelente forma de poder partilhar autênticos momentos de diversão com ele. Não se prenda a conceitos estereotipados de vitória, derrota, luta tenaz, empenho, concentração! Deixe essas necessidades para a vida de estudante do seu filho, e faça por estimular nele o lado criativo enquanto brincam. Brincar é um acto lúdico, faça para que seja assim.
Fomente no seu filho o desportivismo
Embora brincar seja uma diversão, é importante que você se empenhe em fomentar no seu filho o espírito desportivista. Ensine pelo seu exemplo, e não apenas pelas suas palavras. O seu filho dificilmente perceberá que não deve agredir, ou ofender um coleguinha no jogo de futebol da escola, se você em frente dele praguejar e gritar perante um golo da equipa adversária.
Participe nas brincadeiras do seu filho de forma a que ele sinta que deve haver respeito, compaixão e tolerância quando se brinca. Mostre que não importa tanto o ganhar ou o perder, importa o saber estar e o saber ser. Brincar é uma das melhores oportunidades para se interiorizar o desportivismo.
Abra o horizonte das brincadeiras
Apresente ao seu filho novas possibilidades de brincadeiras que ele
possa não conhecer. As crianças dos nossos dias estão bastante
limitadas no que diz respeito às brincadeiras que envolvem actividades
físicas. Demonstre ao seu filho que brincar não é apenas ficar horas em
frente ao computador ou jogar na consola.
Se você já se encontra na idade de ser pai, é porque certamente
pertence a uma faixa etária que ainda brincou na rua, correu, saltou,
andou de patins e de bicicleta.
Lembre-se de como era divertido fazer isso! Tente que o seu filho
enriqueça os horizontes dele em termos de brincadeiras. Mas não se
negue a partilhar com ele algumas horas de videojogos. Afinal a riqueza
está no equilíbrio e na livre escolha. Registe apenas que para poder
escolher brincadeiras diferentes, o seu filho precisa de saber que elas
existem.
Saiba quando sair de cena
É importante que você brinque com o seu filho, mas também é essencial que tenha a sensatez de abandonar a brincadeira quando a criança der indícios de querer dispensar a sua companhia. Algumas crianças preferem brincar sozinhas de vez em quando ou têm tendência a sentirem-se envergonhadas brincando com os pais em frente a outras crianças. Respeite essa reacção do seu filho e afaste-se da brincadeira caso isso aconteça. Dê-lhe espaço para aprender a brincar sozinho, ou para conviver com outros meninos sem a interferência de adultos. Não imponha nunca a sua presença nas brincadeiras do seu filho. Tenha em mente que a sua participação deve ser encarada como um prazer e nunca como um constrangimento a que a criança tenha de se submeter.
Quem disse que ser pai é fácil, estava certamente enganado! Até para se brincar com os filhos é necessário empregar cuidado, sensatez e perspicácia. Estar atento às brincadeiras sem ser invasivo, dar ideias sem ser intrusivo e ensinar sem parecer um professor no uso da palavra, é essencial para que pais e filhos possam brincar em conjunto, e desfrutar desses momentos. Um dia mais tarde, o seu filho procurará recriar os momentos de brincadeira que teve consigo, e passará pelas mesmas dificuldades criativas que você passa agora, ao tentar adequar educação e lazer. Mas até lá, divirta-se e aproveite a sua criança, porque ela vai crescer muito depressa.
Fonte: Pequenada