INTEGRANDO O AUTOCUIDADO NA VIDA REAL: ESTRATÉGIAS PARA MULHERES QUE VIVEM NO MUNDO IMPERFEITO
Por Dra. Ana Paula Amanajás
Olá, querida, tudo bem? Mais uma vez aqui na nossa super coluna da Revista mais influente da Amazônia que é a EM VISÃO!
Hoje vamos encerrar nossa jornada de cinco temas que foram altamente relevantes para você e para mim, mulheres incríveis que precisam se entender, se reinventar e se tratar com carinho nessa caminhada diária chamada ¨vida moderna¨. Juntas, exploramos os pilares fundamentais do autocuidado feminino: aprendemos a dizer “não” sem culpa, implementamos limites saudáveis, desmistificamos as multitarefas e recuperamos a qualidade do sono. Hoje, conforme prometido, vamos falar sobre como integrar todas essas práticas na vida real – aquela que é caótica, imperfeita e que não segue manuais.
Porque, sejamos sinceras: é fácil falar sobre autocuidado quando imaginamos um mundo ideal. O desafio é praticá-lo quando temos prazos apertados, filhos, pais idosos que precisam de atenção, uma apresentação importante de trabalho e uma funcionária que adoeceu justamente naquela semana.
Como neurocientista e mulher que também navega por múltiplas responsabilidades, sei que a pergunta que ecoa em sua mente é: “Tudo isso é lindo na teoria, mas como aplicar quando minha vida é uma sequência interminável de urgências?”.
Antes de compartilhar estratégias práticas, precisamos desmistificar a ideia de perfeição. O autocuidado efetivo não é aquele que segue um roteiro impecável, mas o que se adapta às imperfeições do cotidiano.Não é sobre fazer tudo certo, é sobre fazer o melhor possível dentro das circunstâncias reais e nossos limites emocionais.
Uma abordagem que tem transformado a vida de minhas pacientes é o que chamo de “Estratégia dos Micromomentos”. Em vez de buscar horas ininterruptas de autocuidado (algo praticamente impossível para a maioria de nós), aprenda a identificar e aproveitar pequenos momentos ao longo do dia:
- Pratique a respiração consciente durante deslocamentos: Três minutos de respiração profunda no trânsito ou no elevador podem recalibrar seu sistema nervoso.
- Implemente “pausas de limite” em seu dia: Antes de aceitar automaticamente um novo compromisso, faça uma pausa de 10 segundos e pergunte-se: “Isso está alinhado com minhas prioridades reais no momento?”.
- Utilize o método “one-touch” para tarefas: Quando possível, ao pegar algo, resolva imediatamente em vez de adiar. Isso reduz a carga mental e evita o acúmulo de pequenas tarefas.
- Transforme tarefas rotineiras em rituais de presença: Mesmo atividades como ¨sem graça¨ como lavar louça podem se tornar momentos de atenção plena se abordadas com consciência.
- Crie uma “rotina de emergência” para dias caóticos: Um plano mínimo de autocuidado para quando tudo parecer desmoronar. Pode ser tão simples quanto três respirações profundas, um copo d’água e uma mensagem para uma amiga.
Outra ferramenta poderosa é o “Axioma da Priorização Imperfeita”. No mundo real, raramente podemos dar 100% para tudo. Em vez de tentar o impossível, distribua conscientemente sua energia:
- 70-80% para suas prioridades genuínas
- 20% para o essencial não-prioritário
- 0-10% (ou menos) para o resto
Isso significa aceitar que algumas áreas ficarão temporariamente em “modo de manutenção mínima”. E está tudo bem. A vida opera em ciclos, não em linha reta.
Uma executiva de 52 anos que atendo compartilhou recentemente o seguinte relato: “Percebi que estava dando 70% para coisas que nem eram importantes para mim, só porque achava que deveria. Ao redistribuir minha energia para o que realmente importa, sinto que estou vivendo minha própria vida pela primeira vez.”
A integração dos pilares que discutimos nas semanas anteriores pode ser visualizada como uma teia interconectada:
- Os limites saudáveis (artigo de 8 de março de 2025) criam espaço para o foco em uma tarefa por vez (artigo de 5 de abril de 2025)
- O foco reduz o estresse e melhora a qualidade do sono (artigo de 13 de abril de 2025)
- O sono reparador aumenta nossa capacidade de estabelecer limites
(artigo de 24 de março de 2025)
Cada pequeno passo reforça o próximo, criando um ciclo virtuoso em vez do ciclo vicioso ao qual muitas de nós estamos acostumadas.
Lembre-se: a implementação dessas mudanças não precisa ser perfeita ou completa. Na verdade, a busca pela perfeição é frequentemente o maior obstáculo ao progresso real. O conceito japonês de “kaizen” – pequenas melhorias contínuas – é muito mais sustentável que revoluções abruptas.
A ciência confirma: estudos em neuroplasticidade mostram que pequenas práticas consistentes têm impacto mais duradouro que grandes esforços esporádicos. Seu cérebro responde melhor a mudanças graduais que se tornam hábitos do que a grandes transformações que logo são abandonadas.
Uma estratégia particularmente eficaz para a vida real é o “entrelaçamento de hábitos” – conectar uma nova prática a um hábito já estabelecido. Por exemplo:
- Pratique respiração consciente durante o banho matinal
- Faça uma breve checagem emocional enquanto espera o café passar
- Use o trajeto de volta para casa como momento reflexivo sobre o seu dia
Finalmente, não subestime o poder da comunidade. O autocuidado feminino tem dimensão coletiva. Quando você estabelece limites saudáveis, dorme adequadamente e prioriza sua saúde mental, não beneficia apenas a si mesma – você se torna modelo e inspiração para outras mulheres.
Uma paciente de 46 anos relatou: “Quando comecei a dizer ¨não¨ sem me desculpar, minhas filhas adolescentes começaram a copiar meu comportamento. Percebi que ao cuidar de mim e do meuemocional, estava ensinando para elas que se posicionar e dizer ¨nao¨ também é inteligência emocional.”
Não existe fórmula perfeita para integrar autocuidado na vida imperfeita. Haverá dias de sucesso e dias de retrocesso. O que importa é o compromisso com o processo, a compaixão consigo mesma e a coragem de não desistir!
Nessa jornada de cinco semanas, espero ter plantado sementes que continuarão crescendo em sua vidae na vida de outras mulheres através do exemplo. Lembre-se: não se trata de transformaçãoinstantânea, mas de evolução gradual e contínua.
Em maio, iniciaremos uma nova série abordando como nossas relações afetam nossa saúde emocional. Até lá, experimente pelo menos uma das estratégias mencionadas e compartilhe sua experiência comigo. Afinal, essa jornada é imperfeita e extraordinariamente valiosa – assim como você.
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Com carinho e cuidado, Dra. Ana Paula Amanajás
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Com carinho, Dra. Ana Paula Amanajás