Durante o período de pandemia, os cuidados com a mente são ainda mais necessários, segundo a psicológa Amanda Tundis.
Ter uma boa aparência não é apenas uma questão de vaidade, cuidar da mente também é essencial, ainda mais durante este período pandêmico da Covid-19, quando 53% dos brasileiros tiveram seu bem-estar mental piorado. Conforme a pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o quinto país, entre trinta, onde os entrevistados mais sentiram declínio na saúde mental.
Dedicada à prática do cuidado em saúde mental há mais de 13 anos, a psicológa Amanda Tundis afirma que isso é reflexo da mudança brutal na vida da população. Segundo ela – que atua na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) junto aos servidores e na Integra Clínica de Psicologia e Saúde, com atendimentos clínicos de adultos –, a pandemia trouxe medo, angústia, ansiedade e muitos tipos de luto (de entes queridos, por conta do desemprego, das separações conjugais, das aposentadorias precoces, da perda do espaço de trabalho e da mudança para o home office), o que contribuiu para esse cenário.
Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Amanda ressalta que, com o agravamento da pandemia, muitas pessoas passaram a ter crises de ansiedade e estresse e, mesmo quem nunca teve uma queixa relacionada a diagnósticos de saúde mental, começou a apresentar transtornos de pânico e alguns sintomas depressivos com o confinamento, a instabilidade financeira, a possibilidade de contágio e até de morte. “Ainda estamos iniciando um ciclo que iremos chamar de pós-pandemia, pois muitas feridas emocionais ficarão, principalmente nos trabalhadores de saúde”, detalha.

Sinais de Alerta
Insônia, dor no peito ou taquicardia, falta de ar, tremores, suor excessivo, náusea, tensão muscular, aumento ou perda de peso, queda de cabelo e sensação de antecipar o futuro são alguns dos sinais que ligam o ‘alerta’ sobre a necessidade de buscar o apoio de um profissional da área da psicologia.
Esses sintomas são muito comuns em quadros de ansiedade, conforme salienta Amanda. Nesses casos, o tratamento geralmente é baseado em um olhar multidisciplinar. “A psicoterapia é primordial para tratarmos as causas emocionais que levam o paciente a esse diagnóstico, assim como o acompanhamento de Nutricionista, Cardiologista, Psiquiatra e outras práticas de terapias integrativas”, ressalta.
De acordo com ela, a falta de informação e o preconceito em relação aos problemas mentais impedem que muitas pessoas procurem a ajuda de um profissional. Contudo, familiares, amigos e até mesmo colegas podem fazer a diferença nessas horas. “Falar de saúde mental sempre foi sinônimo de tabu, de medo, de isolamento. Nem sempre contaremos com a empatia do outro, mas podemos exercer nosso lado mais humano respeitando e oferecendo o apoio emocional que tivermos condições de ofertar. Aquele simples ato de desejar um ‘Bom dia! Lembrei de você!’ ou ‘Estou aqui com você!’ pode ser transformador”.
