Anne Jezini se transporta para uma noite na floresta imaginária em “Céu de lurex”

A cantora e compositora amazonense Anne Jezini, lançou seu novo single Céu de Lurex no último 14 de agosto. Bióloga conservacionista por formação, a artista traz a inspiração de elementos da paisagem amazônica para o universo pop.

“Estava numa viagem ao interior do Pará na comunidade do Jamaraquá, lá não tinha muito o que fazer depois que as luzes apagavam. Isso acontecia por volta das 21h já que todos acordavam muito cedo para trabalhar no seringal, na pesca ou na cooperativa de mulheres que fazem artesanato com o látex. Voltando do jantar no caminho entre uma casa, passando o campinho e o lugar onde nos hospedávamos em cima do bar do seu Antônio, num susto paramos para olhar o céu que estava estupidamente estrelado. Esses céus que só existem aqui na Amazônia, nos lugares onde o tempo é lento e a natureza que dita o passo. ‘Parece um tecido de tão brilhante’, lembro como se fosse hoje essa frase. Precisava escrever uma ode a esse céu, uma ode tão cintilante quanto ele. Queria que fosse sexy e instigante também, assim como é a temperatura do começo da noite na floresta, aquela hora quando o calor alivia e a luz da lua e das estrelas pintam as folhas das árvores de prateado.”

Créditos: Fernanda Liberti

 

Produzida e gravada em Manaus entre maio e agosto de 2019, pelos produtores amazonenses Victor Xamã e André Oliveira, a composição de Anne que usa a metáfora do tecido brilhante popularizado nas roupas usadas na era Disco dos anos 70, traz também um clima sexy e instigante que passeia muito bem entre as referencias dos arranjos minimalistas da banda Zero 7 e a contemporaneidade das artistas latinas Kali Uchis e Rosalía. Anne ouve bastante artistas do Pará como Jalloo, Strobo e Natália Matos assim como as artistas Mc Tha e Duda Beat, e acredita que existe um movimento muito interessante e novo da música pop independente feita em todos os cantos do Brasil.

Para o videoclipe, Anne convidou o seu amigo e já colaborador de projetos anteriores, Alexandre Mortagua que montou uma equipe e viajaram para São Sebastião, litoral de São Paulo, para retratar a estética visual da música com imagens potentes com figurino assinado por Vinicius Couto em diferentes paisagens da natureza.

“Queríamos essa atmosfera bucólica nas imagens, o entorno de floresta amazônica faz parte da vida do amazonense e de todos os que moram aqui no Norte do país, é um tema natural para mim tanto quanto manauara quanto pela minha formação como bióloga com ênfase em biodiversidade e conservação. Por motivos de orçamento, geralmente apertados em trabalhos independentes como o meu, ficou mais fácil viajar para São Paulo pois a equipe do Alexandre mora toda lá. Foi uma surpresa muito feliz poder experimentaras diversas paisagens da Mata Atlântica de forma poética. Morei em São Paulo parte da minha infância e foi muito bom reviver esse lugar dessa forma”

Créditos: Fernanda Liberti

 

A música estava prevista para sair em maio, mas foi adiada devido à pandemia. O projeto de produção foi aprovado no Edital-Prêmio Manaus de Conexões culturais, que adiou a entrega da execução das produções. O isolamento social e a impossibilidade de realização de shows, evidenciou ainda mais o caráter isolado no qual a região Norte, principalmente estados como o Amazonas, vivem em relação à produção cultural do resto do país.

“Não temos estradas, é difícil a circulação pelo país com uma minivan por exemplo, muito comum entre as bandas do Sudeste. Dependemos exclusivamente do ambiente online para fazer a divulgação inicial se fazer ser ouvida pelo resto do país e essa realidade se escancarou ainda mais no isolamento social. Para esse lançamento estamos focando apenas no ambiente online, nas redes sociais como o instagram e o twitter. Para o lançamento tenho vou fazer a minha primeira live setembro programada para a primeira semana de setembro, estamos querendo fazer em algum lugar de floresta à noite pra tentar passar um pouco a atmosfera da música, no lugar onde foi a inspiração para as pessoas do outro lado do celular”

Céu de Lurex estará disponível em todas as plataformas digitais a partir de 0h de sexta-feira 14.08, acompanhando nesta mesma hora o lançamento do videoclipe no canal do youtube da artista em youtube.com/annejezini.

 

A ARTISTA

Bióloga conservacionista por formação, a artista emergiu na cena musical com o seu primeiro projeto “Toda Queda Guarda um Susto”, um álbum que fez as vezes de laboratório lançado em 2015. Apenas um ano depois, a cantora e compositora lança o disco que é considerado o marco inicial na consolidação da sua estética sonora: “Cinética” traz uma artista mais madura, letras mais profundas e uma combinação estilosa de suas referências. Liderado pelo single “Modo de Voo”, o qual já possui mais de 20 mil visualizações em seu clipe, o álbum superou as expectativas de seu predecessor colocando Anne na cena regional e também atraindo atenção de veículos especializados nacionais, como o Jornal O Globo, o Portal da Revista Rolling Stones e blogs como Música Pavê e Trabalho Sujo. Com produção de Lucas Santtana, foi escolhido pelo coletivo internacional de jornalistas especializados Beehype como um dos 50 melhores discos brasileiros lançados em 2016.

Créditos: Fernanda Liberti

 

Com a turnê Cinética, circulou com shows em São Paulo, Araçatuba, Belém e Manaus. Em casa, o show de lançamento foi realizado no icônico Teatro Amazonas, no Festival Filomedusa, idealizado e produzido pela artista e que contou com mais duas atrações: o rapper Victor Xamã e a cantora e compositora paraense Natália Matos. O show de encerramento da turnê foi na Semana Internacional da Música em 2018 no showcase do Festival Paço a Passo, articulação de iniciativa coletiva com outros artistas amazonenses realizada no Centro Cultural São Paulo.

Com muitas referências da música dos anos 90 e da música Latina contemporânea, a cantora e compositora tem um apreço pela produção eletrônica estudando sons e timbres para construir uma sonoridade com arranjos que trazem frescor em suas combinações. Entre 2011 e 2012 passou uma temporada de 9 meses em Londres estudando performance vocal numa escola no bairro boêmio de Hackney, o que foi importante para a convivência e troca com artistas de diferentes influências.

Créditos: Fernanda Liberti

 

Atualmente, Anne está produzindo seu aguardado novo álbum, onde promete trazer seu alterego Hilda para o imaginário de seu público. Além disso, a cantora também participou do lineup de festivais como Passo a Paço em Manaus e Se Rasgum em Belém, mostrando presença no cenário regional nortista em 2019.

Anne é bisneta de imigrantes que vieram do Oriente Médio e que contribuíram para a configuração sociocultural da Amazônia contemporânea e suas transformações. Sua narrativa poética é representativa da complexa diversidade multicultural regional marcada pelo cuidado em não reproduzir os exotismos comuns ao fazer arte em lugares que possuem pouco espaço real e palpável no imaginário do resto do país.

 

Assista ao videoclipe:


• Créditos

FICHA TÉCNICA – Videoclipe:
Direção: Alexandre Mortagua
Direção de fotografia: Anna Mascarenhas
Diretora de produção: Mayara Wui
Fotografia Still: Fernanda Liberti
Figurino: Vinícius Couto e Fernando Ferreira
Beleza: Marcella Leme
FICHA TÉCNICA – Música:
Composição: Anne Jezini
Voz: Anne Jezini
Synth e Programações: André Oliveira e Victor Xamã
Bateria eletrônica: Matheus Simões
Produção Musical: André Oliveira e Victor Xamã
Mixagem: Guilherme de Jesus
Masterização: Molla
Gravado no estúdio 2088 entre maio e agosto de 2019 (Manaus/AM)

Compartilhe

Artigos Relacionados