Anne Jezini lança “Faz escuro mas eu canto”, clássico de protesto contra a ditadura

A cantora e compositora amazonense Anne Jezini, um expoente do índie pop produzido no Norte, lança neste primeiro de dezembro o single e o videoclipe de “Faz escuro mas não canto”. Com produção musical assinada por Lucas Santtana, a música é de autoria do poeta amazonense Thiago de Mello.

Reafirmando a identidade sonora das produções de Anne, “Faz escuro mas eu canto” apresenta a música brasileira trazendo influências da música eletrônica dos anos 90 e do boom do downtempo, assim como um perfume de inspiração do disco Ray of Light da Madonna.

O videoclipe, dirigido por Alexandre Mortágua, propõe uma espécie de continuação estética do último single “Céu de Lurex”, porém acrescenta camadas artísticas através do figurino. A inspiração passeia por elementos das figuras que contribuíram para a formação sociocultural de Manaus, como a homenagem ao figurino branco, marca registrada dos ternos de linho cru do poeta Thiago de Mello e do adorno de cabeça, referência aos enfeites que as noivas marroquinas usavam durante as festividades, uma homenagem aos bisavós separais marroquinos da artista, como forma de busca e resgate da identidade. A música e videoclipe foram realizadas através do Edital Prêmio Manaus de Conexões Culturais e do Edital Respirarte da Funarte.

 

 

“Há músicas que marcam de maneira tão forte um período que ouvidas no presente parecem trazer consigo a data do momento em que surgiram. Era o que acontecia com “Faz escuro mas eu canto”, que na década de 1960 embalou muitos daqueles se opunham à ditadura militar. Só que mais de 50 anos depois de seu lançamento, a canção faz-se novamente atual.

Neste momento em que os militares voltaram ao poder no Brasil, desta vez pelo voto, a cantora e compositora Anne Jezini teve a coragem de resgatar o hino que saiu da garganta dos jovens comunistas da segunda metade do século passado.

Coragem não por haver algum risco da repressão armada, que nunca passou de um devaneio do governo atual. Mas por encarar o desafio de dar voz e nova roupagem a uma obra que ficou célebre na interpretação de Nara Leão, uma das maiores cantoras que este Brasil já produziu.

Regravar um clássico é sempre uma aposta de risco. Mas Anne Jezini entendeu que o momento é diferente daquele em que os tanques circulavam pelas ruas e as pessoas sumiam só por se manifestar contra o regime. O obscurantismo, porém, existe e ela canta com as nuances exatas um libelo contra tudo isso que está aí.

As batidas de indie pop dão a modernidade que o momento exige. Se os jovens procuram uma canção de protesto para chamar de sua, isto está sendo oferecido pela Anne Jezini.

A interprete, um expoente do índie pop, é amazonense como o poeta Thiago de Mello, que em 1965 publicou Madrugada Camponesa, de onde saem os versos de “Faz escuro mas eu canto”.”

 

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Tialisson Marques