Diversos artigos (mais de 300 no PubMed) surgiram ao longo do ano de 2020 a respeito da sexualidade masculina, efeitos sobre a fertilidade, Hipogonadismo (baixa produção de testosterona) e principalmente sobre a disfunção erétil (impotência sexual conhecida pelos leigos) em homens acometidos pelo covid-19.

 

01 – Como a saúde masculina é afetada pela covid 19?

Alguns motivos podem ser elencados para explicar estas alterações: o primeiro motivo que afeta diretamente a saúde masculina é o fato do isolamento social, gerando sérios transtornos psicológicos, tais como ansiedade e depressão, transtornos relacionais entre os casais e os sexuais que no geral são os piores levando os pacientes a procurarem tratamentos mais rapidamente pelo impacto negativo na qualidade de vida. Outro fator de extrema importância é a diminuição da rentabilidade financeira devido a queda da economia, levando a um estado de stress ainda maior pelas cobranças familiares e necessidades individuais dos homens. Do ponto de vista técnico científico podemos dizer que esta doença (Covid) gera um estado de hiperinflamação severa com uma “tempestade de citocinas” gerando alterações graves em diversos órgãos e sistemas, como o desenvolvimento de microtrombose na circulação sanguínea e coagulação intravascular disseminada.

 

02 – É verdade que ela causa alterações sexuais e infertilidade nos homens?

Sim, na literatura médica, assim como na minha prática no consultório neste período temos visto diversos pacientes de diferentes idades, incluindo jovens, com problemas sexuais principalmente a disfunção erétil (impotência sexual) e ejaculação precoce devido a ansiedade, depressão e outras consequências do isolamento social e da avalanche de óbitos que tem acometido a população mundial. Alguns fatores técnicos podem explicar estes problemas quando falamos que o vírus pode afetar diretamente os vasos sanguíneos que levam sangue para o interior do pênis (corpos cavernosos) causando a lesão endotelial através da liberação de citocinas inflamatórias, vasculites e complicações tromboembólicas arteriais e venosas conforme demonstradas em um estudo na famosa revista Lancet (COVID-19 cytokine storm: the inter- play between inflammation and coagulation. Lancet Respir Med 8(6):e46–e47).

Em relação às principais alterações de fertilidade evidenciadas até o momento podemos citar a diminuição da produção de espermatozóides, alterações na qualidade dos mesmos e também um aumento expressivo da fragmentação de seu DNA, todos estes envolvidos diretamente na capacidade do homem conseguir engravidar sua parceira naturalmente. Alguns poucos estudos conseguiram isolar a presença do vírus no líquido seminal e também no interior dos testículos de cadáveres estudados pós-mortem, entretanto, este tópico ainda é controverso e quando analisamos os artigos científicos afirmam apenas que existe um processo inflamatório conhecido como orquite viral afetando diretamente as células de Sertoli e de Leydig que produzem respectivamente espermatozoides e testosterona dentro dos testículos.

No que tange a produção hormonal masculina, sabemos que os testículos são responsáveis por quase 90% da produção de testosterona e o restante é produzido nas glândulas adrenais. Uma vez que os testículos são acometidos pelo vírus e geram um estado de inflamação exacerbado desde a fase inicial da doença, o que temos observado nestes homens é um déficit de testosterona também chamado de hipogonadismo, diminuindo a libido e afetando diretamente na potência sexual. Lembrando também que este estado de hipogonadismo pode ser exacerbado pelos transtornos de ansiedade e depressão, gerando um problema cíclico da doença.

 

03 – Esses problemas são reversíveis? Há tratamento ou cura para essas reduções?

A ciência segue em busca de tratamentos específicos para o vírus conforme temos acompanhado na mídia mundial, grandes indústrias têm desenvolvido pesquisas clínicas com medicações anti-virais, anti-inflamatórias e até mesmo oncológicas, mas até o momento apenas os corticoides tem se mostrado eficazes na fase aguda da doença. Ainda há incerteza se as alterações causadas tanto na formação dos espermatozóides quanto nas lesões endoteliais são reversíveis ou não, pois são achados novos e temos apenas um ano de seguimento destes pacientes na maior parte dos trabalhos científicos.

Até o momento devido a ausência de medicações específicas para tratar o vírus, o que nos resta é tratar as consequências sexuais causadas pela doença, e para isso um acompanhamento multidisciplinar é de suma importância, incluindo a psicoterapia para os transtornos mentais, uso de medicações para diminuir a ansiedade, vasodilatadores para aumentar o aporte de sangue para o pênis e terapia de reposição hormonal de acordo com a necessidade de cada paciente. Vale a pena reforçar que a automedicação pode trazer danos graves para os pacientes, principalmente nos que têm doenças cardíacas e neurológicas e por este motivo devemos evitar essas atitudes.

 

 

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