Por décadas, todo cirurgião seria considerado competente para exercer qualquer habilidade cirúrgica, incluindo as cirurgias do câncer. De fato, do mesmo modo que muitos cirugiões gerais continuam sendo competentes para tal, a especialidade da cirurgia oncológica vem se tornando cada vez mais reconhecida.
De maneira prática, esse cirurgião pode ser denominado um pesquisador em oncologia, pois apreende a educação em todas as malignidades que podem ser tratadas cirurgicamente, aliando à experiência adquirida em serviço, ao se submeter aos três anos extenuantes de treinamento, após os dois anos regulamentares de Residência Médica em Cirurgia Geral.
Ao pesquisar o câncer de maneira multidisciplinar, entende que para o tratamento completo do tumor, precisa deter conhecimentos sobre quimioterapia, radioterapia e patologia. Esses conhecimentos podem ser decisivos quando, de maneira prudente, ele observa que determinado caso pode ter mais chance de retirada cirúrgica se for precedido por quimioterapia, por exemplo. Isso pode objetivamente aumentar as chances de cura de um paciente.
A importância de sua experiência pode ser evidenciada por um número considerável de estudos científicos, que demonstraram resultados cirúrgicos mais favoráveis vindos do maior volume cirúrgico de câncer do cirurgião. Isto é, quanto mais experiência com casos de câncer tem um determinado cirurgião, melhor é a sua habilidade para este tipo de casos e melhores são os seus resultados. Isso, em dados publicados, converte-se em índices de diminuição de morte pós operatória de até 33%, e maior taxa de retirada tumoral completa, de 41%, versus 25% de cirurgias não oncológicas (dados do jornal Annals of Surgical Oncology10:6).
De maneira adicional, o conhecimento específico, assim como a experiência do cirurgião em oncologia o permitem:
- solicitar e avaliar os exames complementares pertinentes para cada tipo de tumor,
- definir a necessidade ou não de uma biópsia tumoral
- tratar complicações decorrentes da progressão da doença ou de sequelas do tratamento
Observando estes princípios, evita-se desperdício e a perda de tempo, fundamental quando se aborda um tumor maligno.
Entretanto, talvez a maior habilidade na formação dessa sub-especialidade, além da técnica, é a de desenvolver empatia. Já que o câncer, ainda que com os constantes avanços em pesquisa, permanece sendo uma das doenças que mais debilitam e matam os pacientes no mundo. E num estado de grande vulnerabilidade física e psicológica, o cirurgião oncológico muitas vezes oferece tratamento das complicações ou alivio da dor ao lado de outros profissionais da área, contribuindo para a dignidade e conforto desses doentes.