A Fisioterapeuta Joelma Magalhães, Mestre em Ciências da Reabilitação com ênfase em DTM e Dor Orofacial, Especialista em Traumato-Ortopedia, pós-graduanda em Dor pelo Hospital Albert Einstein/SP e pioneira no tratamento das Disfunções Crânio-Cervico-Mandibulares em Manaus, explica a importância deste ramo da Fisioterapia que é pouco explorado.
1) Tendo a fisioterapia diversas áreas de atuação, por que você escolheu o segmento de cabeça e pescoço?
Minha mãe era técnica de enfermagem e trabalhou por muitos anos, sempre dedicada e com muito zelo ao atendimento dos pacientes. Ao passar do tempo, me identifiquei com a área da saúde, principalmente, com a fisioterapia que oferecia áreas diversificadas de tratamento aos pacientes. No estágio fiquei extremamente admirada com a Traumato-Ortopedia e fui em busca de algo diferenciado e que trouxesse uma abordagem de atendimento carente na minha cidade, ou seja, atendimento em disfunções crânio-mandibulares. Ao sair da graduação fiz o Mestrado em Ciências da Reabilitação em São Paulo com ênfase em Dtm e Dor Orofacial (inexistente no norte), e a partir de então, estou sempre em busca de aperfeiçoamento e aprimoramento profissional na área.
2) Como a fisioterapia atua nas disfunções do sistema Crânio-Cervico-Mandibular e quais os benefícios do tratamento fisioterapêutico?
A reabilitação é de suma importância aos pacientes que sofrem com as Disfunções Crâniomandibulares, pois, tal sistema é complexo e pode causar diversos problemas clínicos, relacionados a Articulação Temporomandibular (ATM), músculos mastigatórios e estruturas associadas. Suas causas são multifatoriais, e referem uma gama de sinais e sintomas que surgem de diferentes combinações que estão relacionadas desde dor orofacial, limitação e desvios na abertura bucal, ruídos articulares, cefaleias, vertigens e cervicalgia. O fisioterapeuta especializado, a partir de uma criteriosa avaliação, elaborará plano terapêutico adequado e buscará formas de obter o alívio da dor musculoesquelética, restaurar a função dos movimentos, reduzir inflamações, liberação de aderências, coordenar e reforçar a musculatura, entre outros que o paciente possa apresentar pela disfunção ou decorrente de uma cirurgia bucomaxilofacial ou de cabeça e pescoço.
3) Como a fisioterapia pode ajudar a prevenir a vertigem?
Existem alguns tipos de tontura, dentre elas a rotatória que comumente chamamos de vertigem, o qual provoca uma sensação que o ambiente ou o próprio corpo está rodando, a não rotatória provocando sintomas de instabilidade corporal, pressão na cabeça e sensação de flutuação e a vertigem cervicogênica decorrente de uma instabilidade postural na região cervical. A fisioterapia intervém de forma diagnóstica e terapêutica nestes distúrbios através de testes e exercícios específicos, como a manobra de reposicionamento, e com isto consegue orientar o paciente que já sofreu com tais sintomas quanto a exercícios de prevenção em possíveis crises.
4) O que você pode acrescentar com sua experiência em relação ao tratamento da vertigem com fisioterapia?
A reabilitação vestibular através da fisioterapia é efetiva, de fácil aplicação e com grande retorno em termos funcionais. Recursos como terapia manual e exercícios para o treino do sistema vestibular podem ser realizados em pacientes com queixa de tonturas, devolvendo-lhe uma vida mais ativa e funcional, reduzindo ou muitas vezes abolindo o uso de medicações desnecessárias. Portanto, uma boa avaliação e diagnóstico do fisioterapeuta ou clínico trará o melhor tratamento a ser abordado.
5) É uma condição neurológica em que os nervos da região cervical podem ficar inflamados ou lesionados. Ela pode ser confundida com dores de cabeça ou enxaqueca?
Depende dos sinais e sintomas que o paciente apresenta. A cefaleia ou dor de cabeça é uma queixa frequente da prática clínica, sendo um sintoma comum a diversas doenças ou distúrbios musculoesqueléticas, entretanto, existem mais de 150 tipos de cefaleias, incluindo a migrânea conhecida como enxaqueca. A fisioterapia é importante no tratamento das cefaleias, principalmente, quando relacionadas a trauma de cervical e/ou cabeça, cefaleia cervicogênica ou cefaleia atribuída a disfunção da ATM. Uma estratégia de tratamento ativo, incluindo programas de exercícios podem prevenir a cronificação da cefaleia.
6) Qual a importância da equipe multidisciplinar nas disfunções de cabeça e pescoço?
Uma abordagem multidisciplinar (Fisioterapeutas, Dentistas, Médicos, Fonoaudiólogos, Psicólogos) é recomendada e deve ser considerada de alta relevância para proporcionar um tratamento adequado aos sinais e sintomas na multifatoriedade que o paciente possa apresentar. Otimizando o tempo de recuperação do paciente e um melhor ganho na qualidade de vida.
7) O celular é quase um companheiro inseparável, visto por muitos como um bem essencial no dia a dia – mas o que muitas pessoas não sabem é que o uso excessivo deles pode causar danos ao corpo humano. Que dica você pode dar aos nossos leitores sobre os cuidados de ficar constantemente em aparelhos celulares.
Diante das crescentes e inovações tecnológicas inerentes a forma de comunicação entre as pessoas, o número de usuários que utilizam as mensagens de texto explodiu nos últimos anos, esta situação tem levado a um aumento da flexão do pescoço provocando alterações biomecânicas e sobrecarga muscular/articular na região cervical, conhecido mundialmente como “Text Neck” ou “pescoço de texto”. Entretanto, pesquisas atuais tem mostrado uma total ausência entre a associação do “Text Neck” com dores cervicais pelo uso excessivo de smartphones. Embora necessite de mais estudos na área, devemos ter cuidado com a sobrecarga e flexão excessiva do pescoço através de exercícios físicos regulares e alongamentos locais, evitando ou prevenindo desta forma riscos que possam provocar distúrbios ou “dores” osteomusculares na região.
Onde encontrar:
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