Olá queridos leitores especiais da EM VISÃO, sou a médica oncologista Mariana Ferreira. Formada pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com residência em Clínica Médica pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e em Oncologia Clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de Fellow em Oncologia Clínica pela Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP). Hoje inicio minha coluna com um tema pertinente entre a medicina e a nossa fé e espiritualidade! Para conferir, basta clicar em www.emvisao.com.

 

Espiritualidade e Câncer

 

A finitude é uma realidade áspera na rotina do oncologista, e também na vida de todos nós. Em contraponto, a espiritualidade nos leva a outro espectro, o da existência eterna.

A espiritualidade gera conexão com algo transcendental, para além de nós mesmos. Podendo ser experimentada através da religião, práticas meditativas, contato com a natureza, relações interpessoais, conexão com artes e filosofia existencial. Tudo o que gera a crença em uma realidade maior, capaz de oferecer significado à vida.

E como se dá a cooperação entre espiritualidade e câncer?

A espiritualidade e religiosidade são recursos poderosos utilizados pelos pacientes no enfrentamento do câncer.

Estudos mostram que pacientes espiritualizados apresentam maior aderência aos protocolos, menos efeitos colaterais do tratamento, melhor aceitação das adversidades, e há inclusive dados de maior sobrevida.

Eu considero que abordar a espiritualidade fortalece o vínculo de confiança entre mim e os pacientes. Na minha prática clínica busco entender as crenças dos pacientes e familiares. Considero essencial identificar sentimentos negativos que podem influenciar no agravamento da doença, como depressão, raiva, negação, ressentimento. E tentar através de uma equipe multidisciplinar melhorar esses aspectos da vida do paciente garantindo um melhor tratamento do câncer. Precisamos como equipe de saúde identificar situações de conflito ou sofrimento espiritual que exigem avaliação e cuidado.

Além disso, a ciência tem mostrado que a espiritualidade está muito conectada ao bem estar físico, mental, e social, levando as pessoas a terem vida mais saudáveis, desenvolvendo hábitos protetores contra o câncer como atividade física regular, cessação de tabagismo, baixo consumo de bebidas alcoólicas e menores índices de depressão.

A espiritualidade através do estímulo de uma vida mais saudável é um fator importante de proteção contra o câncer, sendo uma potente e valiosa aliada durante a jornada do paciente que vive com câncer. 

 

Mariana Ferreira