Juan Souza

Juan Souza - Foto: Sérgio Mourão.

De office boy a diretor hospitalar

A cargo da direção do Beneficente Português, em Manaus, Juan Souza relembra sua carreira hospitalar: do início árduo até encontrar o atual ponto de equilíbrio entre gratidão e satisfação.

 

“Sempre quis trabalhar na área hospitalar, não sabia onde, mas sempre gostei de hospital e amo tudo o que diz respeito à saúde”. Assim começa o relato de Juan Souza que, ao contrário do esperado, não seguiu a carreira médica, mas hoje, após ter se graduado farmacêutico por sugestão de uma antiga chefe de trabalho, tornou-se administrador geral de um dos maiores e mais respeitados hospitais da cidade: o Hospital Beneficente Português.

Juan conta que a jornada até este ponto de sua carreira, entretanto, foi longa, e o início, como de costume, não foi nada fácil. Segundo ele, apesar do desejo de trabalhar na área hospitalar e do sonho de ser diretor de um hospital, o seu plano original era cursar Publicidade na faculdade.

“Aos dezoito anos comecei a trabalhar como office boy em um hospital. Era um emprego temporário no almoxarifado, passei seis meses, depois saí e fiquei frustrado com aquilo. Mais tarde surgiu uma oportunidade de trabalhar na farmácia do hospital. A chefa, Marina Tanaka, foi quem me sugeriu cursar Farmácia e, um pouco a contragosto, foi exatamente o que eu fiz. Era uma vida de universitário mesmo, estudava muito e trabalhava à noite para pagar a faculdade, mas no fim consegui me formar farmacêutico e isso me deu novas oportunidades”, relembra Juan.

Juan Souza
Juan Souza – Foto: Sérgio Mourão.

Portas abertas

Por volta de 2012, Juan começou a trabalhar em um hospital da Rede D’Or São Luiz, em São Paulo. Na mesma época, a convite de Tanaka, o farmacêutico vai para o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) como supervisor e descobre enfim sua vocação.

“Fui trabalhar na parte da farmácia técnico científica, que era mais da área administrativa, sendo que, até então, eu sempre tinha sido da área assistencial. Acabei me apaixonando pelo papel, pelas planilhas, pelos gráficos, pelo operacional”, disse ele, ressaltando que o período foi marcado por um intenso enriquecimento profissional.

Mais tarde, novamente a convite de Tanaka, Juan começa a trabalhar no grupo Saúde Bandeirantes, desta vez como coordenador da área de farmácia, para depois assumir os setores de nutrição e almoxarifado. No novo cargo, Juan teve a oportunidade de lidar diretamente com o diretor do grupo na época, Rogério Risso (hoje, seu amigo pessoal), o que acabou contribuindo para o seu crescimento profissional: “desde o início da minha carreira fui pegando nichos do operacional dentro do hospital. Primeiro no almoxarifado, depois na
farmácia e na nutrição. Foi uma construção a longo prazo”.

Vinda para Manaus

Já em 2014, a cargo da coordenação do Hospital Leforte Morumbi, por conta de uma feira hospitalar em São Paulo, Juan recebe o convite de um dos proprietários do Prontocord para administrar o hospital em Manaus. Ele revela que, depois de ponderar sobre a oportunidade durante uma semana, decide encarar o desafio.

“Eu vim embora para Manaus de mala e cuia. Larguei tudo que tinha em São Paulo, ganhava super bem, mas pedi as contas. Queria arriscar porque sabia do meu potencial. Trouxe a família junto e começamos tudo de novo, do zero”, afirma Juan.

Três anos depois, em 2017, já pensando em sair de Manaus, Juan conhece o presidente do Hospital Beneficente Português e, após um ‘namoro’ de vários meses, finalmente aceita o cargo que ocupa até hoje e decide permanecer na capital amazonense.

Juan Souza
Juan Souza – Foto: Sérgio Mourão.

Tradição de gerações

Com um dos projetos arquitetônicos mais bonitos da capital, o Hospital Beneficente Português, que foi criado por um grupo de 70 portugueses no final do século 19 e completa 190 anos de atividade em breve, é reflexo do apego do povo manauara às suas tradições.

“O povo daqui é muito fiel e a Beneficente tem esse diferencial de ser humanizada, de atender com carinho, de proporcionar boas lembranças de cuidado aos pacientes. Aqui, quem traz o paciente não é o médico, mas sim o próprio hospital. Ou seja, o paciente vem porque ele gosta daqui”, comentou Juan, reiterando que parece ter, enfim, encontrado sua ‘casa hospitaleira’: “hoje só tenho a agradecer, já conquistei tudo o que eu queria”, conclui.

Compartilhe

Artigos Relacionados