Na era do clamor por representatividade, sendo elas das mais diversas formas possíveis, já podemos notar que marcas – principalmente do segmento da moda -, têm adotado posicionamentos inclusivos, para atender os mais distintos gêneros, biotipos e tamanhos. Porém, analisando esse cenário de forma criteriosa, surge o questionamento: ‘Até onde vai essa inclusão?’. Ju Ferraz, executiva e influenciadora digital baiana, e forte defensora do movimento Corpo Positivo, fala sobre como ainda existe um grande abismo entre as marcas ditas como inclusivas, frente às necessidades das pessoas com corpos fora do padrão.

Se tornou comum vermos mais campanhas apresentando a diversidade de corpos, cores e tamanhos, porém, a padronização e a dificuldade de encontrar peças específicas nas lojas físicas continua sendo um obstáculo para a autoestima de milhares de pessoas. “Por mais que o espaço para quem veste acima do 40 esteja cada vez mais amplo, o setor ainda necessita de uma atenção maior. Não é comum encontrarmos araras de peças plus size específicas, como por exemplo o biquíni, que para muitos, ainda é uma parte da vestimenta que assombra pessoas com corpos fora do padrão”, destaca Ju.

A inserção de manequins variados apenas em lojas online e e-commerce preenche em parte as necessidades de termos peças para diferentes corpos, uma vez que a depender da marca, o formato e tamanho podem variar, mesmo que seja exatamente o número que o indivíduo necessite. “Após fazer as pazes com meu corpo eu passei a olhar para as marcas com outras perspectivas, e senti na pele o que é não estar representada na última moda”, pontua a executiva. “Vejo que a maioria das lojas que de fato trazem a inclusão e diversidade de forma física, são em grande parte, comandadas por pessoas que ultrapassaram batalhas com seus corpos e querem mostrar que todos os biotipos estão na moda”, completa.

É importante que as grandes marcas compreendam, que o movimento é bem mais do que apenas não se se encaixar nos padrões das modelos esbeltas e magras de passarela, mas sim de uma construção diária de aceitação e integração em uma sociedade que, por muito tempo, virou as costas para quem era fora do padrão. “Onde mulheres, que vestem 48 e 50, consomem? Acho que temos a obrigação, dos líderes à frente de shoppings e pontos de venda do Brasil, de mostrar esse novo olhar, trazer essa discussão”, aponta.

As numerações maiores são necessárias nas lojas, assim como a acessibilidade, tanto na facilidade de encontrá-las de forma física, como na questão econômica. “Para qualquer empreendedor, diretor de marketing ou de produto que não entende e respeita isso, penso que, mais para frente, não vão prosperar. O público quer consumir marcas transparentes, inclusivas, que conversem com os propósitos de seu consumidor e, mais do que isso, que os faça sentir-se bem”, conclui Ju.