Parte do projeto Vogue Hope, versão brasileira da revista dá destaque àqueles que lutam pela preservação do meio ambiente e da cultura dos povos da floresta

 

 

Em setembro, a Vogue Brasil participa do projeto Vogue Hope, que une os demais 25 países onde a revista é publicada para apresentarem a sua visão sobre esperança. Para a edição brasileira do título, a esperança está na regeneração do meio ambiente da floresta viva. Em um cenário em que os alertas de desmatamento na Amazônia saltaram 34% no período entre agosto de 2019 e julho deste ano, a equipe da Vogue Brasil foi até o Parque Nacional de Anavilhanas, em Novo Airão, no estado do Amazonas, para ouvir e retratar 12 nomes que defendem ativamente a floresta viva e sua cultura.

 

 

A técnica de enfermagem Vanda Ortega, do povo Witoto, é uma das quatro capas da edição. Na seção Ponto de Vista, espaço cedido pelo diretor de moda Pedro Sales, Vanda expõe a dor por ter presenciado a exploração de seu território e o sufocamento da cultura local. “A história do meu povo, assim como de todos os povos originários, se dá em um processo cruel de invisibilidade, perseguição e morte por um conflito que vivemos até hoje”, escreve. A ativista, que participou do primeiro encontro de mulheres indígenas do Brasil, em 2019, defende a luta de seu povo: “Nosso dever como mulheres indígenas e como lideranças é fortalecer e valorizar nosso conhecimento tradicional, garantir os nossos saberes, ancestralidades e cultura, conhecendo e defendendo nosso direito e honrando a memória das que vieram antes de nós. Demarcação já!”

 

 

A paraense Rita Auxiliadora Teixeira é educadora e agente social no Mmnepa – Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense. O projeto atua na comunidade de Capanema, a 165 km de Belém, conhecida pelos altos índices de violência doméstica e vulnerabilidade social. Através do programa, muitas mulheres geram renda vinda da produção de hortas orgânicas, costura, produção de mel de abelha, doces e cosméticos à base de frutos e plantas da região. Rita, que foi a primeira professora de formação de adultos na cidade, conta que após ter vencido a Covid-19 sua esperança por dias melhores aumentou ainda mais. “Apesar de tudo, é bonito ver como as empreendedoras aqui do Pará começaram a produzir muito mais. A doença também despertou a solidariedade”, reflete.

 

 

Emerson Munduruku é biólogo, mestre em Ecologia, educador e artista visual. Natural de Santarém (PA), ele se refere à floresta como “Vovó” e encontrou na arte e na identidade de Uýra Sodoma uma poderosa plataforma comunicadora. A personagem é um alter ego de estética drag, meio bicho, meio planta, que se autodenomina “A Árvore Que Anda”. Além de enaltecer a cultura indígena, Emerson também lança luz sobre as comunidades pretas e LGBTQIA+. “Nós, indígenas, costumamos ser humildes, reconhecendo-nos como parte da natureza e não separados ou donos dela”, explica. A modelo paraense de 21 anos Emilly Nunes, que estampa sua segunda capa de Vogue, acompanha atenta a luta do povo amazônico. “O desmatamento deveria ser uma das maiores preocupações do Brasil, pois, além de alterar o ecossistema, envolve impunidade e crimes ambientais”, opina. Ela participa do movimento “Tudo por um Sorriso”, que realiza doações de cestas básicas em Soure, na Ilha de Marajó.

 

 

Diretora de conteúdo da Vogue Brasil, Paula Merlo explica como foi retratar o maior símbolo da natureza brasileira, durante a Covid-19: “Foi um desafio produzir os conteúdos em meio à pandemia e sabemos que é um tema muito extenso para abordar em uma só revista. Precisaríamos de várias edições para falar da Amazônia legal como um todo e contemplar todas as lideranças e iniciativas que existem pelo desenvolvimento sustentável dessa área, mas contamos com importantes nomes da causa, que generosamente colaboraram conosco e enriqueceram o discurso”, ressalta.

 

Além do conteúdo, a publicação também atua em outras frentes em prol da sustentabilidade. Desde 2019, a Vogue Brasil trabalha em parceria com o Projeto Ovo, que destina doações para a Casa do Rio, ONG que ajuda famílias ribeirinhas na região da BR-319 no estado amazonense. Pela campanha #VogueSolidária, a marca que doar R$ 5 mil diretamente para uma das cinco instituições selecionadas, que lutam pela Amazônia, ganha um post no Instagram do veículo. Além disso, há três anos, a Vogue neutraliza a pegada de carbono da impressão da revista e, desde 2019, organiza em conjunto com o Sistema B, Casa Vogue, GQ e Glamour, o Prêmio Muda, que reconhece empresas sustentáveis de pequeno e médio porte nas áreas de moda, beleza e design.

 

A Vogue Brasil de setembro chegou às bancas e mercados no último dia 4 de setembro.