Formar opinião não é mesmo uma tarefa fácil. A arte de coletar informações fidedignas e em um curto espaço de tempo é para poucos, quem sabe até mesmo seja um verdadeiro dom. O jornalismo no Amazonas nos últimos anos tem recebido uma imensurável contribuição deste profissional que se diz apaixonado pelo que faz. Como não se lembrar do seu tão animado “Bom Dia” diariamente no jornal da Rede Amazônica de Televisão? (filiada a Rede Globo). As primeiras notícias do dia são transmitidas por ele, Clayton Pascarelli, com uma irreverência sem igual e um talento admirável que fazem dele hoje um ícone da televisão amazonense. Dez anos em contato com o jornalismo o fizeram ser este fenômeno atual da comunicação televisiva. O desejo de criança de se tornar um médico para ajudar as pessoas, acabou se transformando em um amor incondicional ao jornalismo, visto a sua facilidade em se comunicar.
Clayton, por que Jornalismo? Alguma influência?
É até engraçado falar. Eu tenho uma prima que é jornalista. A Fabíola Pascarelli. Mas eu só vim conhecê-la quando já estava trabalhando na área. Logo, não tive influência direta nenhuma. Mas na época que eu estudava no colégio Martha Falcão, eu tive uma professora que coordenava o Clube do Futuro Cientista, ao qual fui vice-presidente, e que dizia que eu tinha a cara da área de comunicação. Mas na época eu batia o pé e falava que iria ser médico. Durante os três anos do Ensino Médio que passei estudando lá ajudei o professor Nailson Júnior na criação de uma rádio na escola e apresentei dois festivais de talento, que foram organizados pela Associação de Pais e Mestres. Acho que é dom, sei lá. Enfim, queria ser médico. Queria poder ajudar as pessoas, cuidar delas, contribuir para o seu melhor. Posso até parecer político falando, mas demagogia não faz parte da minha vida, e hoje como jornalista me sinto realizado. Consigo ajudar não somente como um médico, mas como advogado, economista, professor, estudante…etc.
Na pratica jornalística. Quem são os seus ídolos?
Não tenho um só ídolo. Gosto do trabalho de vários colegas de profissão e, por isso, talvez, consiga ser um jornalista autêntico. Gosto da forma de apresentar do Bonner e do Evaristo Costa, das críticas do Alexandre Garcia, do texto da Neide Duarte e do Marcelo Canelas, do estilo do Caco Barcellos, da simplicidade da Fátima Bernardes, da simpatia da Sandra Annemberg, da forma de entrevistar do Jô Soares, mas deixando os outros falarem, da forma de trabalho do Faustini. Eita, tanta gente boa nesse Brasil que fica difícil de se espelhar em um apenas.
Um resumo da sua trajetória profissional.
Eu resolvi ser jornalista no fim do meu terceiro ano do Ensino Médio. Prestei vestibular para a Universidade Federal do Amazonas e para uma faculdade particular, mas acabei cursando na particular. Em 2005, quando comecei o curso, paralelamente fiz o curso técnico em rádio e TV da Fundação Rede Amazônica e aprendi muito as técnicas ao mesmo tempo que estava na academia. E no fim deste curso técnico fui fazer o estágio obrigatório do curso. Foi este estágio que me deu entrada na maior rede de comunicação da região Norte do Brasil. Comecei estagiando no Amazon Sat e, em um mês ingressei para a TV Amazonas. Logo que cheguei, a gerente de jornalismo, Ercilene Oliveira, conversou comigo e disse que havia duas vagas de estágio remunerado e que aqueles que se destacassem seriam escolhidos para as vagas. Uma delas fui eu que preenchi. Depois, em 2007, uma produtora saiu da empresa e eu fui promovido a produtor executivo. Em 2009, cobri o Caso Wallace a pedido da direção da empresa e fui promovido à repórter. No mesmo ano fui transferido para Brasília e cobri política até 2011, quando retornei à Manaus e passei a ser apresentador substituto. Em novembro de 2012 fui convidado para assumir a bancada do Bom Dia Amazônia com a Paula Lobão e aceitei.
Defina Clayton Pascarelli por Clayton Pascarelli.
Uma pessoa que se preocupa com a outra. Faz o que gosta, mas principalmente, gosta do que faz. Tudo o que ele se mete a fazer procura fazer da melhor forma possível. Não nega trabalho e gosta de viajar.
Manter-se informado é um exercício constante para quem trabalha com a informação. De que maneira procura ficar “antenado” com o que acontece no mundo?
Nossa, nem me fale sobre ficar bem informado. Eu fico até meio doido com tanta informação que consumo diariamente. Além, é claro, do telejornal que eu trabalho todos os dias, costumo ler jornais nacionais, que me dão um panorama do país. Aqui eu vejo muito o G1 e alguns portais de notícias, mas tudo acaba sendo visto de forma dinâmica. Apenas o que chama atenção acaba sendo consumido a fundo.
Muito tempo de trabalho na Rede Amazônica lhe trouxeram oportunidades únicas e importantes para sua carreira. Conte-nos sobre esses trabalhos e lições de vida.
Hoje eu consigo ter voz em algumas discussões sobre jornalismo nacional depois de fazer network em várias cidades. Passei por Brasília, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo e conheço jornalistas de todo lugar. E talvez por ser uma pessoa muito fácil de lidar, alguns acabam me ouvindo bastante.
Lembro-me até hoje de quando fui free lancer da TV Brasília (afiliada à Rede TV!) e precisei ir à cidade de Luziânia/GO para fazer uma reportagem sobre os seis jovens que estavam desaparecidos na cidade. Entrevistei familiares e me chamou a atenção uma mãe dar declarações tão racionais e não derramar uma lágrima sequer. Instiguei, apliquei todas as técnicas possíveis de entrevista, mas ela não esboçou nenhuma expressão. E aquilo mexeu comigo por muitos dias até que acharam o maníaco que tinha dado sumiço aos jovens e descobriram que foram todos mortos. Por ironia do destino eu voltei meses mais tarde para fazer a reportagem do trabalho da polícia para que o maníaco apontasse onde estavam enterrados os corpos. Foi quando a vi sem esperanças e se entregando às lágrimas daquela tristeza. Cobri política em Brasília, cidades em Manaus. Cubro segurança pública há quase dez anos e me preocupo em informar as pessoas da melhor forma. Hoje, minhas formações são quase todas nessa área. Viajo o país em busca de conhecimento para ter segurança ao criticar qualquer situação.